Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CÂNCER NO ADOLESCENTE E O CUIDADO INTERPROFISSIONAL EM ONCOLOGIA PEDIÁTRICA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Marcio Costa de Souza, Rocío Andrea Cornejo Quintana, Caroline Raíza Dourado Lima, Ana Beatriz Barros Ferreira da Silva, Talita Miranda Pitanga Barbosa Cardoso, Magno Conceição da Merces, Silvana Lima Guimarães França, Marcia Cristina Graça Marinho

Última alteração: 2022-01-27

Resumo


APRESENTAÇÃO

Quando se estuda as mudanças do ser humano durante o ciclo de vida, entende-se que a adolescência é a etapa compreendida entre a infância e a vida adulta, no entanto as organizações internacionais e nacionais não chegam a um consenso de quando começa e termina esta etapa. Para a Organização das Nações Unidas a adolescência se define entre os 10-19 anos. Já no estatuto da criança e do adolescente brasileiro este se encontra entre os 12-18 anos.

Segundo a Sociedade de Câncer Americana, os tipos de câncer que se desenvolvem na adolescência são os mais diversos, pois estes podem desenvolver câncer mais comum às crianças, mas também tipos de câncer adulto. Por outro lado, esta mesma Sociedade indica que podem ser identificados tipos mais comuns nessa faixa etária, variedade que faz com que tratar o câncer do ponto de vista do tratamento do adoecimento em si seja desafiador, pois requer a ação de diferentes especialidades e equipes diferentes, o que pode fazer com que seja necessária uma articulação complexa entre os profissionais.

Entende-se a necessidade de diversos saberes e especialidades atuando em conjunto no cuidado com adolescentes acometidos por câncer por conta das repercussões que o processo de adoecimento acarreta para esta faixa etária. Os adolescentes com doença oncológica perpassam por inúmeras dificuldades, tais como: Repercussões e oscilação das emoções comuns na adolescência, porém potencializadas pelo processo de adoecimento mudanças físicas pelo tratamento que podem influenciar negativamente na socialização e autoimagem em construção, questões sobre sexualidade e fertilidade neste período, falta de autonomia em uma etapa de desejo por independência,  entre outros. Para atender as necessidades destes adolescentes o cuidado com olhar subjetivo e de natureza interprofissional é imprescindível.

Assim, este trabalho teve como objetivo descrever sobre o cuidado interprofissional em adolescentes com doença oncológica.

 

PERCURSO METODOLÓGICO

 

Este estudo trata-se de uma revisão de literatura, com período de coleta realizado entre julho e dezembro de 2021. A pesquisa abrange artigos científicos publicados em revistas indexadas com os mais diversos delineamentos, publicados nos últimos 10 anos, nos idiomas português e inglês.

As buscas dos artigos foram realizadas nas bases de dados eletrônicas: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), PubMed e SciELO (Scientific Electronic Library Online). Foram utilizadas as palavras-chave: Trabalho; Assistência Centrada no Paciente; Continuidade da Assistência ao Paciente; Câncer, Adolescente; e suas respectivas traduções em inglês (acrescidas dos operadores booleanos “AND” e “OR”), escolhidas mediante consulta prévia aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). O rastreamento foi realizado por meio das palavras encontradas nos títulos, assuntos e resumos dos artigos.

Alguns filtros disponíveis nas bases de dados foram adicionados para delimitação da pesquisa - textos completos; intervalo de ano de publicação: últimos 10 anos. Os artigos coletados foram selecionados por rastreio dos títulos (primeira etapa), resumos (segunda etapa) e leitura integral (terceira etapa). Posteriormente, foi realizada uma leitura exploratória dos estudos selecionados e, em seguida, leitura seletiva e analítica.

O processo de seleção e extração de dados dos artigos, assim como a identificação dos aspectos metodológicos foi realizado por dois revisores independentes. Quando ocorria algum desacordo entre eles, os revisores liam novamente o artigo na íntegra para reavaliação. Se a divergência persistisse, um terceiro revisor poderia decidir quais estudos deveriam ser selecionados, entretanto, não houve necessidade.

 

RESULTADOS

Em um estudo que pretendia entender os locais de tratamento dos adolescentes com câncer no Brasil descobriu-se que parece haver um maior protagonismo da assistência em Oncopediatria para este público, contribuindo para o prognóstico e tratamento, contudo, não foram achados dados no Brasil que certificar a eficácia ou descrição dos cuidados fornecidos aos adolescentes nessas unidades. Segundo outras pesquisas internacionais observa-se a importância de qualificar os profissionais de saúde que trabalham com adolescentes em unidades de oncopediatria, estabelecendo programas de educação permanente com base na colaboração e comunicação entre os profissionais, com foco no usuário e família e na ação interprofissional.

Na elaboração de políticas públicas em saúde também podemos observar o respaldo à relevância no cuidado integral e humanizado, despertando a centralidade no usuário que vive doença oncológica. No Brasil, a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer, desenvolveu diretrizes referentes ao tratamento, ao diagnóstico, e ao cuidado integral para prevenção e controle da doença, assim sendo, garantido a todos os usuários com câncer atendimento multiprofissional, com oferta de cuidado compatível em cada esfera de atenção e estágio evolutivo da doença. Outra Política importante é de Humanização, a qual defende como um dos seus princípios norteadores o fortalecimento do trabalho em equipe de forma a fomentar a transversalidade e a  ação colaborativa dos trabalhadores de saúde.

No caderno de atenção que constitui as Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas na rede de atenção à saúde, o trabalho em equipe é definido como atividade, a partir da articulação dos saberes e práticas destes  profissionais, com diferentes saberes e práticas, cada um com sua especificidade, mas essencial para efetividade da atenção á saúde.

De acordo com a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), o termo cuidado paliativo refere-se à compaixão pelo doente e seus familiares, a promoção do alívio da dor e controle dos sintomas, o desenvolvimento da autonomia para o próprio cuidado e manutenção da vida enquanto ela durar. Como o câncer é considerado uma doença crônica é responsável por grande sofrimento tanto ao adolescente como à família, justifica-se a necessidade e indispensabilidade de uma abordagem paliativa. O manual de Cuidados Paliativos, elaborado pela ANCP, orienta acerca da composição da equipe multiprofissional responsáveis pela atenção do público e descreve o papel de cada uma das profissões. De acordo com o previsto no documento, a contribuição principal das diferentes categorias consiste no fortalecimento e na garantia da atenção integral ao doente.

Desta forma, diante dos elementos destacados, percebe-se que toda e qualquer enfermidade é necessária ser observada com um olhar subjetivo, destacando aquele que está vivendo com a enfermidade, mas, no caso do câncer e se tratar de grupo social de adolescentes, nota-se uma necessidade salutar do cuidado interprofissional para atender a essa realidade.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por mais que exista o respaldo das instituições e instâncias governamentais no Brasil dando garantia do cuidado ao adolescente com câncer com a presença de uma equipe composta por diversos profissionais trabalhando em conjunto, estas instâncias não apontam especificamente como a produção do cuidado é exercida por essas equipes nos diferentes níveis de atenção pelos quais perpassa o adolescente e família, quais os fluxos de acompanhamento que poderiam ser instaurados para essa população ou qual o processo de aprendizagem interprofissional que estes deveriam ter.

Para, além disso, os estudos apontam também como substancial a construção de políticas estruturadas de educação permanente e outras estratégias de consolidação da qualificação dos trabalhadores de saúde, para tanto, há que evoluir os processos formativos o que de fato possam edificar aprendizagens que ressignifique o agir e pensar dos trabalhadores para uma oferta de ações e serviços de saúde que atendam a necessidade dos adolescentes que vivem com alguma Doença Oncológica.