Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PRECEPTORIA EM SAÚDE: PERCEPÇÕES E ENTENDIMENTOS DOS PRECEPTORES NO CENÁRIOS DE PRÁTICA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
ALDENISIA ALVES ALBUQUERQUE, Lucas Cavalcante Sousa, Maria Nazaré Cavalcante Sousa, DENNIS MENEZES DE CORTEZ BEZERRA, Antônio Lisboa Lopes Costa

Última alteração: 2022-01-30

Resumo


O preceptor se caracteriza como o profissional que não tem a função necessariamente acadêmica. Cabe ao preceptor a função de supervisão docente-assistencial, sendo aquele que exerce as atividades de organização do processo de aprendizagem e orientação aos estudantes. A preceptoria deve ser realizada por profissionais assistenciais com embasamento teórico pedagógico que acompanhe estudantes de graduação ou residentes na prática de mediação e articulação do conhecimento teórico e prático através da aprendizagem significativa. O exercício da preceptoria é uma construção coletiva que se dá sempre com base em encontros e vivências nos cenários de práticas. Assim, o preceptor opera como mediador e facilitador entre o estudante e o usuário dos serviços, qualificando e aumentando a potência do agir em saúde. Tais encontros se dão por meio do trabalho cotidiano nos cenários de práticas. As avaliações formais também fazem parte da preceptoria e o preceptor precisa ter conhecimento e habilidade em desempenhar procedimentos clínicos e ter também competência pedagógica. Na verdade, o que precisa ser considerado é a necessidade de formação pedagógica do preceptor, estes precisam assumir uma ruptura de padrões tradicionais de ensino, passando a atuar como protagonistas de mudanças que viabilizam um ensino médico inovador, nos moldes das atuais necessidades da sociedade brasileira. Para que ele possa incluir a preceptoria e as atividades de ensino-aprendizagem em sua rotina assistencial, de forma tranquila e eficiente. Isso surge a partir do entendimento que somente o conhecimento profissional é insuficiente para atingir os objetivos assistenciais, sendo importante a troca de saberes, o trabalho em equipe multiprofissional e o conhecimento didático-pedagógico a ser aplicado no campo de prática. O processo de preceptoria vem sendo realizado no município de São Gonçalo do Amarante/RN com estudantes do Curso de Medicina no Internato de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ISC/UFRN). Na perspectiva de contemplar as dimensão da Política Nacional de Educação Permanente que estimula o planejamento, execução e avaliação dos processos formativos, compartilhados entre instituições de ensino e serviços de saúde, os estudantes vêm vivenciar o dia a dia dos territórios nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Estratégia Saúde da Família (ESF) no município, tornando-os também um cenário educativo em saúde favorecendo a  integração Ensino-Serviço-Comunidade. O  Internato   Médico   foi   instituído   nos   cursos   de   graduação como   um   estágio curricular obrigatório   de  ensino  prático  no  qual,  sob  a  orientação  de  um  docente,  o  estudante  deve  ter  um  treinamento  intensivo  em  instituições  de  saúde  vinculadas  ou  não  a  escola  médica. Conforme preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (DCN), dentre as áreas necessariamente incluídas nesse internato está a de Saúde Coletiva. Porém, a  maioria  das  escolas  médicas  brasileiras ainda permanece com o ensino focado no  ambiente  hospitalar  e  no  atendimento  de  especialistas dificultando a construção de uma perspectiva  voltada  para  a  saúde  integral  do  paciente  e  a  formação  de  um  médico  generalista como estabelecido pelas DCNs. Buscando contemplar o fortalecimento das práticas de Educação Permanente em Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), o Internato de Saúde Coletiva da Universidade Federal  do  Rio  Grande  do  Norte  tem  como   cenário de práticas Unidades Básicas de Saúde   que  permitem  ao  graduando  maior  atuação   no âmbito da atenção primária ao inserir-se na  rotina diária desses serviços de saúde. O Internato de Saúde Coletiva do Curso de Medicina da UFRN acontece em um ciclo de sete semanas, onde procura exercitar na prática supervisionada em saúde coletiva, competências, habilidades e valores adquiridos durante o curso médico. Nas unidades de saúde realiza atividades com enfoque para a promoção da saúde coletiva. Também faz parte do Internato, contextualizar a prevenção das doenças mais frequentes e refletir as soluções apropriadas e compatíveis com a realidade loco-regional. Postura ética e humanizada ao tratar com pessoas fragilizadas e seus pares. Compreensão do ser humano como unidade biológica, antropológica, histórica, social, cultural e ambiental, também são fatores exercidos no decorrer do internato. Para a realização das atividades do ISC/UFRN exige-se que o estudante atualize seus conhecimentos relativos aos: determinantes socioculturais da saúde doença; uso da epidemiologia na explicação da situação de saúde da comunidade; meios de intervenção da saúde pública (tanto no âmbito da promoção da saúde, como da prevenção de doenças e agravos); conhecimento da política de saúde e dos processos de gestão do  sistema de saúde; e a interação entre a saúde coletiva e a clínica em sua dimensão ampliada. Assim o formando deverá se envolver em atividades preventivas, assistenciais, educativas e de promoção da saúde, e em ações de planejamento e gestão do trabalho das equipes, na Unidade em que estiver inserido, e do Sistema Municipal de Saúde. No município de São Gonçalo do Amarante os estudantes do ISC/UFRN são acompanhados e avaliados por preceptores que são profissionais de saúde das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF). O preceptor tem o papel de suporte na condução desse educando a adentrar os territórios e ajudá-los a adquirir confiança, até que este tenha  segurança em suas atividades diárias nos cenários de práticas.  Para que as atividades do estágio aconteçam favorecendo integração ensino-serviço-comunidade. A presente pesquisa analisou a percepção dos profissionais de saúde envolvidos no ISC/UFRN quanto a importância do processo de preceptoria no município de São Gonçalo do Amarante/RN. Trata-se de um estudo analítico de abordagem qualitativa utilizando-se o estudo de caso. Os dados foram coletados através de questionários semiestruturados, tendo como participantes 10 profissionais de saúde (06 enfermeiros, 02 cirurgiões-dentistas, 02 médicos), preceptores dos estudantes e 02 técnicas da Secretaria Municipal de Saúde (01 fonoaudióloga e 01 nutricionista) profissionais da equipe gestora responsável pela organização do ISC no município. Os dados obtidos foram submetidos à análise de conteúdo de Bardin. A análise do conteúdo possibilitou o agrupamento de resultados em quatro categorias temáticas: fragilidades, potencialidades, papel do preceptor/equipe gestora e efetividade dos projetos de intervenção. A percepção dos atores envolvidos no Internato de Saúde Coletiva do Curso de Medicina da UFRN quanto a importância do processo de preceptoria no município de São Gonçalo do Amarante-RN, perpassa principalmente pelo entendimento que seria necessário uma maior orientação através de processos de capacitações para que eles entendam as nuances e peculiaridades dos vários fatores que envolvem o fazer,  o para quê e para quem fazer nos processos de preceptoria. Bem como possam entender os benefícios que podem ser alcançados ao inferir em uma problemática local resolvendo-a ou minimizando-a através da aplicação dos projetos de intervenção. Frente aos achados deste estudo,  pode-se inferir  que a percepção dos preceptores   revelam que assumem a função de  acolher, incentivar, orientar e contribuir para que as ações aconteçam assumindo o papel de  ator e apoiador. Reconhecem ainda que devem contribuir para  Integrar os estudantes à população, trocar experiências, colaborando para o aprendizado,  participando ativante das ações, bem como,  fazer a articulação com os outros pontos de atenção. A fim de atender a esta necessidade sugeriu-se como produto o Curso de formação pedagógica para preceptores da Atenção Primária à Saúde. Mediante o exposto, espera-se que este trabalho possa contribuir para levantar maiores discussões acerca da importância do processo de preceptoria na formação dos futuros profissionais de saúde, que contemplando a integração ensino-serviço-comunidade.

Palavras-chave: Ensino; Preceptoria em Saúde; Atenção Primária à Saúde.