Apresentação: O diário é uma ferramenta utilizada para expressar, por meio da escrita, sentimentos, vivências, ideias e  questionamentos. Para o referencial da Análise Institucional, a escrita do diário é sempre uma escrita implicada, sendo potente para a análise de como os sujeitos estão envolvidos nas situações, dos atravessamentos, das relações que  influenciam seus modos de viver e de exercer as práticas profissionais. Existem diferentes tipos de diários: o pessoal, de pesquisa, e que podem ser utilizados em diferentes situações como na pesquisa e na formação. Apostou-se no uso do Diário Coletivo, como estratégia de ensino em um curso de extensão universitária, oferecido de forma remota, para pessoal da saúde. Desta forma, o objetivo deste trabalho é descrever o uso do diário coletivo em um curso de extensão universitária, refletindo sobre sua potencialidade como dispositivo de formação crítico-reflexiva no campo da saúde. Desenvolvimento do trabalho: O diário coletivo foi utilizado em um curso de atualização oferecido pela Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo sob coordenação de docentes do curso de Enfermagem. O tema do curso tratou de uma aproximação ao referencial teórico metodológico da Análise Institucional (AI), no campo da saúde. Participaram do curso profissionais de saúde, docentes, estudantes de graduação e pós-graduação, totalizando 35 participantes. O curso teve duração de 40h e ocorreu quinzenalmente, aos sábados, entre setembro e dezembro de 2021. Resultados: Foi proposto aos participantes, que escrevessem, em momento assíncrono, no diário coletivo experiências relacionadas aos conceitos do referencial da AI, buscando articular a vivência com os conceitos, sobretudo, no campo de atuação e/ou pesquisa da saúde. Foram trabalhados temas como Pobreza Menstrual, por meio da leitura crítica de um artigo jornalístico, sendo proposta a escrita no diário, das reflexões sobre o tema em  articulação com a experiência pessoal e/ou profissional do participante e o referencial da AI. Outra proposta foi a escrita de uma análise de implicação sobre as relação dos participantes com o referencial da AI e o campo da saúde. O diário foi composto pela escrita de cada participante, que, livremente, fez relação de seus escritos com os textos disponibilizados na disciplina, assim como os escritos de outros participantes. Também incluiu-se imagens e charges, ampliando o diário para além do texto escrito. Houve alguns poucos participantes que não escreveram no diário e expuseram dificuldades com a escrita. Destaca-se a discussão dos textos produzidos pelo coletivo nos encontros remotos síncronos, indicando necessidade de retomada dos escritos, articulando esse processo de escrever e publicizar a vivência da autogestão e auto-análise. Considerações finais: O diário coletivo permitiu aos participantes do curso registrar suas experiências articulando-as com os conceitos abordados, além de trazer suas dúvidas e críticas. Permitiu que muitos pudessem também reelaborar conceitos construídos sobre a AI, assim como uma releitura dos temas discutidos, à luz do referencial teórico e metodológico da AI. O diário é uma ferramenta formativa que pode contribuir para aprendizagem e na produção da grupalidade, elementos necessários para a formação inicial e permanente nos serviços de saúde.