Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Hackeando a saúde: criação de laboratórios de inovação no setor público por meio de maratonas
Monique Alves Padilha, Regina Silva Futino

Última alteração: 2022-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO

Inovação é um dos termos mais falados nos últimos tempos. Seja no processo de trabalho, no cuidado durante a pandemia ou nos escritórios que se tornaram nossas casas, a inovação veio para criar uma era na prestação de serviços, seja no setor público ou no provado. Diante deste novo cenário é preciso empoderar pessoas, seja colaboradores ou pacientes, criar novas ideias e promover novas redes de apoio. Entre os modelos de aprendizagem baseados na inovação, que requer criatividade para novas abordagens para o mesmo problema, está o Learn by doing, ou aprender fazendo. A aprendizagem nesta abordagem pedagógica acontece no ato de fazer, ou seja, no processo e não no fim da trilha de conhecimento e, temos a presença de facilitadores que mediam o aprendizado e não de professores. Este modelo de aprendizagem é baseado em metodologias ativas, colaborativas e pautadas em 4 pilares: conceituar, refletir, implementar e experimentar

Entre os exemplos de criação de espaços de inovação estão os hackathons, maratonas de 24 ou até 54 horas que reúne entusiastas de um determinado tema, entre eles estudantes, profissionais de tecnologia, negócios e, no caso da saúde, profissionais de saúde. Os hackathons tem sido cada mais disseminado ao se popularizar durante a pandemia os desafios para o combate a COVID-19 na qual os times desenvolveram diferentes soluções com apoio de cidadãos que muitas vezes tem competências em programação (hackers), e criam soluções digitais de interesse coletivo. Inclusive, as maratonas online se popularizaram não só no setor privado, mas também no setor público.

Entre as iniciativas públicas que aconteceram desde o início da pandemia de Covid-19 estão o Hackathon Dados Abertos Pernambuco, uma iniciativa que faz uso de computação cognitiva, inteligência artificial, design thinking, mineração de dados entre outros métodos para desenvolver soluções de saúde para o estado. Também aconteceram eventos de inovação na saúde em grandes hospitais de São Paulo, Institutos Sociais no Rio de Janeiro e a criação de laboratórios de inovação em todo país. Os laboratórios de Inovação no setor público têm sido fomentados tanto pela sociedade civil quanto por órgão públicos como a Agência Nacional de Saúde Suplementar, Ministério da Economia e a Fiocruz. Entre as iniciativas que desafiam a gestão e fomentam a criação de laboratórios temáticos de inovação está o ILabThon, a maratona de imersão, nos moldes de um hackathon que tem como objetivo estimular a cultura inovadora dentro das empresas, fomentar processos de governança e a criação de laboratórios e unidades de inovação no âmbito do setor público.

DESENVOLVIMENTO

Este relato de experiência é sobre a participação da maratona do ILabThon como equipe participante que propôs uma solução para o problema da capacitação e desenvolvimento de soluções para a saúde do trabalhador.

O ILabThon contou com 1,3 mil pessoas divididas em 259 equipes de 22 estados brasileiros e outros quatro países. O evento é organizado pelo Conexão Inovação Pública do Rio de Janeiro, criado em 2019 junto a iniciativa do Inova ANS, fomentado pelo Centro Cultural do Ministério da Saúde e Agência Nacional da Viação Civil -ANAC.

RESULTADOS

O formato da maratona apoia a construção teórica e operacional de um laboratório de inovação. O time foi formado  anteriormente ao evento, e foi composto por 1) Especialista em gestão de projetos e design de serviços, com experiência em programa de promoção de saúde de servidores públicos; 2) Especialista em Lean healthcare e biodesign; 3) especialista em  Gestão do conhecimento com experiência com treinamento e capacitação em saúde e programas de saúde do trabalhador; e 4) especialista em gestão de comunidades (fortalecimento do ecossistema) com experiência na gestão de políticas públicas de inovação.

A proposta do time foi a construção e ideação de um Laboratório de Saúde do Trabalhador -LABTRAB. Este laboratório tem como premissa o desenvolvimento de projetos, pesquisas, mentorias e soluções inovadoras com enfoque em saúde do trabalhador para o serviço público. A missão do LABTRAB é promover a saúde do trabalhador no serviço público e os direitos destes profissionais, fomentando seus interesses sociais e relacionados a saúde em sua integralidade por meio da pesquisa científica, do acesso ao conhecimento, com capacitação e mentoria, e da oferta de serviços e soluções ao setor público, considerando sempre o trabalho em seu contexto individual de etnia, gênero, orientação sexual, estrato cultural e amparo econômico.

O arcabouço operacional foi pautado na utilização de ferramentas como o Canvas dividido nas seguintes categorias/componentes e as respectivas perguntas norteadoras:

  1. Propósito do laboratório: o que fazemos para os outros? Qual o impacto que deixaremos no mundo?
  2. Escopo de atuação? Quais são as áreas onde vamos focar nossos esforços? Existe alguma restrição no nosso escopo de atuação?
  3. Objetivos: conectados com o propósito e com o escopo de atuação do laboratório;
  4. Entregas e Ações: Quais produtos e serviços serão feitos? Qual será a nossa entrega de valor? As entregas precisam estar conectadas aos objetivos?
  5. Necessidade: Por que a organização precisa do nosso laboratório? Quais as expectativas (sobretudo do patrocinador) em relação ao nosso laboratório?

IMPACTOS

Como impacto desse exemplo de percurso de aprendizagem pretende-se alcançar competências edificantes (CHA - conhecimento, habilidade e atitude) nos seguintes eixos: foco na pessoa, curiosidade, o storytelling, ou contação de história, e a insurgência, característica de pessoas inovadoras que se rebelam contra o tradicional e pensam “fora da caixa”. Desta forma, a construção de laboratórios de inovação no setor público pode fomentar novas práticas e promover o engajamento dos colaboradores para criar soluções para problemas muitas das vezes antigo.

Nesta maratona foram criados laboratórios de inovação em setores da saúde mas também da economia, trabalho, transporte, tecnologia, design, alimentação entre outros.

CONCLUSÃO

Considerar o cidadão como agente ativo das mudanças é um dos elementos chave para construção de novas ideias alinhada a escassez de recursos. Além disto, entre os objetivos destas iniciativas estão a participação social, aumento da transparência, inovação organizacional, melhoria da qualidade nas decisões, desenvolvimento de novas habilidades do setor público envolvido e a geração de ideias inovadoras.