Apresentação: O cuidado em saúde mental no âmbito dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) utiliza de abordagens grupais com ênfase na expressividade que advém da força inventiva de recursos como, por exemplo, a poesia e a música. Tais grupos oportunizam que os usuários destes serviços usufruam de espaços de incentivo ao protagonismo e engajamento diante da vida. A pandemia de covid-19, trouxe uma complexidade a mais para os CAPS, exigindo grandes adaptações para as práticas comuns destas instituições. Durante o primeiro período pandêmico, com o aumento de infecções e internações, as atividades presenciais em grupo foram completamente suspensas, e muitos técnicos dos serviços buscaram alternativas para suas intervenções, recorreram ao uso de aplicativos de mensagens instantâneas ou plataformas de reuniões remotas. Este trabalho versa sobre a realização do “Grupo de Poesia e Música” de modo remoto, possibilitando suporte e interação aos participantes durante o primeiro período pandêmico. Desenvolvimento do trabalho: O grupo fazia parte das ações ofertadas por um CAPS do tipo III localizado em Belém-PA. O Período de realização do grupo de forma adaptada ao remoto foi de abril a julho de 2020. Participaram 20 usuários, dois acompanhantes e uma Terapeuta Ocupacional que se reuniam sistematicamente por meio de aplicativo de mensagens instantâneas para manter ações voltadas às características do grupo original e presencial, servindo como estratégia de suporte aos usuários, além disso, por necessidade do momento vivenciado, foram realizadas ações de educação em saúde com ênfase nas formas de contágio e proteção adequada contra a covid-19. Resultados e/ou impactos: Notamos o efeito positivo das experimentações em um momento crítico, onde o compartilhamento de textos, imagens e produções em geral (vídeos, áudios, atividades do cotidiano e até preocupações) tiveram efeito de cuidado, de acolhimento, permitindo melhora em habilidades de comunicação de demandas, promoção do autoconhecimento e autocuidado, favorecimento da expressividade, dentre outros aspectos. Nesse contexto, ressalta-se a importância do profissional Terapeuta Ocupacional atuando como mediador dessas experimentações, considerando as habilidades e competências dos indivíduos, e seus interesses construídos no meio sociocultural. Considerações finais: A potencialidade expressiva do grupo se manteve mesmo em nova formatação, e por meio da poesia e da música os usuários externalizaram conflitos internos, medos e angústias, pediram auxílio, mas também auxiliaram, melhorando o ânimo, e consequentemente a convivência social, repercutindo sobre a saúde mental como um todo. Ademais, as experimentações resultaram em uma rica produção contextualizada ao momento específico vivido, compondo um memorial do grupo.