Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
O cuidado e a humanização em Saúde Mental no Sistema Único de Saúde
Tatiane da Rosa Vasconcelos

Última alteração: 2022-01-20

Resumo


Essa reflexão é decorrente de um exercício de pensamento, produzido no curso de Especialização em Saúde Mental Coletiva, cujo objetivo foi abordar questões referentes ao cuidado em saúde mental no Sistema Único de Saúde. Tendo em vista a superação do modelo de atenção à saúde mental centrado no manicômio, o protagonismo dos usuários e dos trabalhadores compromissados na afirmação de um novo jeito de fazer saúde demarca a reorientação da nova ação política e institucional. Com base em Foucault é possível questionar o modo como o sofrimento mental, físico, social, econômico vem ganhando cada vez mais o estatuto de doença mental afirmando-se gradativamente em novos arranjos em nossa existência mais comum. E como consequência disso o processo de produção do devir humano foi atravessado pela psiquiatrização que se dá concomitante à formação dos estados modernos, ao processo de urbanização, ao processo de trabalho remunerado, ao processo de asilamento dos considerados incapazes. Pode-se usar como exemplo a psiquiatrização da infância, onde foi representada pela criança que não acompanha o desenvolvimento normatizado, aquela que, ao não acompanhar as tarefas da escola será chamada atrasada. Trata-se de passar a psiquiatrizar as condutas, de crianças e adultos, que podem ser comparadas às condutas infantis. Esse princípio produtor e regulador das condutas passa a ser resultado de uma das funções do poder psiquiátrico, o controle social. Assim, a constituição de um espaço específico para atendimento de saúde mental pode ser entendido como espaços específicos, reais, efetivos desenhados para uma população que necessita de cuidados em saúde mental. Se antes dos movimentos reformistas o atendimento era reservado aos “loucos” nos hospitais psiquiátricos, agora toda a população pode ter suas necessidades atendidas por intermédio das novas instituições de saúde mental. E o mais importante disso é que a partir da Reforma Psiquiátrica hoje podemos tratar a saúde mental com cuidado e atenção, considerando cada pessoa em sua singularidade e dando-lhe voz e lugar na sociedade. No entanto, é no nosso dia a dia que precisamos (re)afirmar essa luta e essa conquista, buscando implementar em nossa rotina profissional os conhecimentos da PNH, do SUS, do cuidado em saúde, políticas públicas, a fim de realizar uma clínica ampliada com uma gestão do SUS humanizada, integrada e solidária. Por fim, busca-se romper com o território fechado da doença mental ao tentar retirar da loucura o estigma da doença mental, dos modelos biomédicos, sintomatológicos e eminentemente terapêuticos, ao propor uma ampliação integral de cuidados para o indivíduo em sua totalidade.