As Diretrizes Curriculares Nacionais para graduação em medicina preveem a formação de médicos humanizados, capazes de refletir, ética e criticamente, acerca do processo de trabalho e do cuidado em saúde. Sendo assim, as metodologias ativas, ao colocarem os discentes como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem, despontam como ferramentas cruciais para que os pressupostos contidos nas DCNs sejam efetivados. Nesse ínterim, a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) visa promover um ensino que seja significativo, indo para além da transmissão passiva de conhecimentos. Este escrito se trata de um relato de experiência acerca da ABP e dos processos tutoriais ocorridos entre setembro a novembro de 2021, durante o desenvolvimento dos módulos temáticos Introdução ao Estudo da Saúde e Processo de Cuidar, no semestre letivo 2020.1 do curso de Medicina do Campus Agreste da Universidade Federal de Pernambuco. As tutorias foram realizadas semanalmente, sendo o primeiro momento da atividade denominada de tutoria de abertura, em que a docente e os alunos se reuniam por meio de plataforma de vídeochamadas. Inicialmente, eram escolhidom um discente para ser o coordenador do processo tutorial, desempenhando a função de mediador do debate, e um relator, responsável por produzir o relatório. Dando-se sequência, realizou-se a leitura da situação-problema relacionada com os conteúdos a serem trabalhados  no módulo, tais como o trabalho em equipe, cuidado em saúde, APS, RAS, entre outros, Após este momento, deu-se a identificação dos termos desconhecidos pelos estudantes, bem como o cerne do problema em questão. Seguiu-se o brainstorm, no qual cada aluno podia expor suas percepções e críticas acerca da situação, assim como dúvidas e conhecimentos prévios, podendo concordar, ou não, com os pares. Durante o debate, a tutora buscou interferir o mínimo possível na fala dos alunos, realizando, em sua maioria, perguntas disparadoras no chat, que fomentaram o debate. Posteriormente ao debate, foram elencadas hipóteses investigativas e os objetivos de estudo da semana, para os quais os alunos deveriam pesquisar temas pertinentes em bases de dados e postar no fórum de discussão do ambiente virtual de aprendizagem durante a semana. No momento da tutoria de fechamento, remoto e síncrono, os discentes compartilharam e problematizaram os conhecimentos adquiridos, trouxeram suas reflexões sobre as temáticas e argumentavam a fim de aprovar ou rejeitar as hipóteses suscitadas. A ABP desenvolvida durante os processos tutoriais foram fortes indutores da autonomia estudantil, pois os discentes puderam aprender a aprender, de forma que o seu processo de construção do conhecimento foi autogerido e autorregulado. Não obstante, outras competências foram desenvolvidas, como a criação de um senso crítico por meio da teorização das situações-problema; o respeito a opiniões diversas e a construção coletiva do conhecimento. A experiência retrata a inserção, aplicabilidade e efetividade das metodologias ativas de ensino-aprendizagem no contexto de formação dos profissionais de saúde, especialmente no contexto de distanciamento físico necessário para mitigação da Covid-19 e implementação do Ensino Remoto Emergencial. As tutorias se traduzem como um novo paradigma que rompem com o modelo tradicional de ensino, instigando os discentes a serem autônomos em sua aprendizagem.