Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Centros de Convivência, arte, cultura e trabalho potencializando a Vida
Ariadna Patricia Estevez Alvarez, Thiago Benedito Livramento Melício

Última alteração: 2022-01-26

Resumo


O propósito deste trabalho é compartilhar a experiência de construção do livro “Centros de convivência: arte, cultura e trabalho potencializando a vida” organizado pelo Núcleo de Saúde do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), que contou com participação de trabalhadores, acadêmicos e movimentos sociais articulados a políticas públicas que afirmam a potência da convivência e da diversidade nas cidades e equipamentos de saúde.

A convivência é aqui entendida como dispositivo da arte capaz de produzir encontros e de garantir a centralidade da alteridade nesta produção, enquanto os Centros de Convivência (CECOs) referem-se a pontos da RAPS na Atenção Básica, que favorecem ações intersetoriais agenciando arte, cultura e trabalho na ocupação dos espaços públicos e na atividade de produzir comum.  O Fórum de CECOs do RJ, iniciado em 2018, é ninho de um bando que vem caminhando e proliferando a ideia de que, mesmo em um cenário de retrocesso das políticas que prezam o cuidado em liberdade, é possível instaurar movimentos instituintes que promovam saúde em uma perspectiva antimanicomial. Assim como a lei ALERJ 9323/2021, que cria a Política Estadual de Centros de Convivência no Rio de Janeiro, o livro é um produto desse percurso coletivo.

A tessitura do livro se deu com metodologia artesanal, entrelaçando três fontes de produção: 1) Doze relatos do Encontro Nacional dos Centros de Convivência; 2) Dezesseis artigos com reflexões relacionadas aos CECOs e a projetos de arte e cultura na saúde; 3) Dez portfólios dos CECOs fluminenses, em forma de imagens e de informações que favorecem o acesso a esses equipamentos.

Os resultados são provenientes da experiência de usuários, estudantes, professores, bem como profissionais de saúde e de outros campos e saberes. Partindo de distintos lugares, nos afirmamos todos enquanto conviventes, narrando transversalmente os desafios e potencialidades da arte-cultura no campo da saúde, em contexto desafiador à convivência: a pandemia de Covid-19. O livro contou com a participação de 112 autorias, constituindo um livro-fluxo que vai do Acre ao Rio Grande do Sul, desaguando nos CECOs do Rio de Janeiro.

Das discussões, destacam-se: a resposta ao “que pode a convivência?”, articulando esta a ações que promovem vínculo interpessoal e com o território;  as potencialidades das ações dos Cecos na constituição de sociabilidades, produções e intervenções na cidade, promovendo e efetivando conceito ampliado de saúde;  as contribuições à formação de profissionais comprometidos com a perspectiva antimanicomial, e ao fortalecimento de laços sociais, em uma sociedade que historicamente produziu cenários de deterioração do convívio com as subjetividades alheias ao serializado e ao economicamente produtivo no sistema neoliberal.

Portanto, nesta experiência foi possível rompermos com a hierarquia de pesquisa, em que o outro é mero objeto de análise e de intervenção tecnicista. Por meio de um reposicionamento ético-estético-político, houve implicação coletiva em instituir modos de pesquisar, dizer e escrever que fossem co-gestivos e em rede, garantindo polifonia e diversidade de análise. Fica a abertura ao diálogo, o convite à leitura, e a provocação à polinização de movimentos de arte-cultura que promovam a potencialização da Vida.