Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-01-30
Resumo
Apresentação
A hanseníase, conhecida até 1976 como lepra, ainda carrega preconceito e estigma a quem é afetado por esta doença, e que, se não tratada, pode provocar a perda de membros como dedos e até o nariz. Embora antiga e com tratamento eficaz, essa ainda é negligenciada com poucos profissionais de saúde aptos em identificá-la. O objetivo deste relato é compartilhar experiência de abordagem inovadora para a formação de profissionais da atenção básica, via Programa “Cariacica Livre da Hanseníase”.
Desenvolvimento
O município de Cariacica possui 51 equipes de ESF, sendo que nenhuma delas atende e/ou identifica usuários com hanseníase. O projeto “Cariacica Livre da Hanseníase objetiva garantir assistência aos usuários com hanseníase próximo a sua residência. Realizou-se treinamentos em serviço para cinco categorias profissionais, em 7 unidades básicas de saúde, na última semana de novembro de 2021, com foco na integração de ações de diagnóstico clínico, avaliação de danos neurológicos, prevenção de estigma e discriminação. Visamos fortalecer a rotina das Unidades Básicas de Saúde para detecção de novos casos, reduzindo a proporção de D2G na hora do diagnóstico e para aumentar o conhecimento sobre a doença para os profissionais e para os pacientes. A formação foi realizada, um em clínica e outro em prevenção de deficiências. Foi oferecida uma exposição teórica seguida de treinamento prático com usuários nos consultórios das unidades de saúde. A maioria das pessoas examinadas eram ex-hansenianos.
Resultados e ou impacto: Cariacica
Foram treinados em serviço 75 profissionais de saúde, sendo estes: 13 médicos, 1 profissional técnico de enfermagem, 17 enfermeiros, 1 farmacêutico, 2 dentistas e 41 Agentes Comunitários de Saúde. Foram diagnosticados 4 casos novos, todos muitibacilares, e 1 com grau 2 de incapacidade com lesões graves. Oito pacientes foram avaliados sendo 6 apresentavam com incapacidade física.
Nos resultados do pré-teste, mostraram que: 38% dos profissionais acreditavam que pacientes de hanseníase devem manter seus objetos de uso pessoal separados até o final do tratamento e 16% não sabiam responder, ou seja, 55% revelaram desconhecimento sobre aspecto importante do cotidiano do paciente. O resultado do pós teste não pode ser comparado pela impossibilidade de sabermos se foi a mesma pessoa que respondeu o pré-teste.
Considerações finais
Observou-se que a abordagem de capacitação em serviço multi e interdisciplinar, envolvendo ao mesmo tempo aspectos clínicos e de prevenção de incapacidades foi o grande diferenciador dessa iniciativa do programa “Cariacica Livre da Hanseníase”. Graças a organização, esse evento pelo programa municipal e com participação de ex pacientes que se pode fazer avaliação neurológica e exame de contato. Ressalta-se que o foco especial dessa proposta é preparar a atenção básica, como “porta de entrada” aos pacientes para o diagnóstico na fase inicial da doença e tratamento adequado para garantia de sua cidadania. Sugere-se que essa visão e foco devam ser implementados em outros municípios.