Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-01-30
Resumo
Apresentação: A Fisioterapia é considerada um recurso terapêutico de alto custo e sua prática está fortemente associada a pacientes com melhor situação socioeconômica. Clínicas-escolas de Fisioterapia consistem, portanto, em uma importante alternativa, minimizando a falta de acesso à Fisioterapia pela população mais carente, além de ser imprescindível para a formação acadêmico-profissional do fisioterapeuta. Assim, o estudo epidemiológico torna-se essencial para a qualidade dos serviços de saúde pois, através dele, é possível analisar os fatores que levam ao adoecimento, riscos à saúde e eventos relacionados à saúde coletiva, oferecendo indicadores que possam ser usados como suporte ao planejamento, avaliação e administração ações de saúde, fornecendo bases para o entendimento da saúde coletiva. Conhecer o perfil epidemiológico possibilita que o fisioterapeuta atue não apenas de forma mais assertiva no tratamento e na reabilitação, mas também na prevenção de doenças. O objetivo deste estudo consiste em traçar o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos no setor de Traumato-Ortopedia da clínica-escola de Fisioterapia de uma instituição filantrópica do Espírito Santo. Desenvolvimento do trabalho: Estudo observacional retrospectivo desenvolvido com uma amostra de 151 prontuários dos pacientes atendidos no ano de 2019, a partir dos quais foi feito um levantamento dos dados sociodemográficos e relacionados aos serviços de saúde e às condições de saúde. Realizada análise descritiva dos dados em Excel. Este estudo foi desenvolvido de acordo com os princípios científicos preconizados pela Resolução nº 466/12 do Ministério da Saúde/Brasil e aprovado pelo comitê de ética local, sob o parecer nº 4.050.897. Resultados: Verificou-se que a maioria dos pacientes da clínica-escola reside na cidade de Vitória (56%). São em sua maioria adultos entre 20 e 59 anos (59,3%) e do sexo feminino (71,3%). Os pacientes economicamente ativos formavam 48% da amostra e 16% eram aposentados. Cerca de 83% dos pacientes receberam encaminhamento médico à clínica-escola e 48% foram encaminhados do nível terciário, sendo que 76% são usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de 63% da amostra utiliza medicamentos, sendo o mais consumido os anti-hipertensivos (33%). O diagnóstico clínico mais frequente foram as artropatias (23,3%). A dor foi a queixa principal mais relatada (69,3%) e cerca de 47% dos pacientes apresentavam restrição de uma função específica. Grande parte (73,3%) apresentam algum fator de risco para desenvolver disfunções osteomioarticulares e 56,7% têm alguma comorbidade. Cerca de 87% dos pacientes tinham limitação de atividades e participação. Em 66% da amostra o estilo de vida contribuía para o problema e cerca de 70% dos pacientes estavam no estágio crônico da dor ou do problema. Considerações finais: A partir dos dados obtidos conclui-se que é essencial conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos pela clínica-escola. Através dos dados obtidos, torna-se viável o aprimoramento e a criação de políticas públicas voltadas para esta população, que é economicamente ativa e possuem disfunções que interferem na funcionalidade, na qualidade de vida, nas emoções e no convívio social desses pacientes. Além disso, tornou-se evidente como a clínica-escola de fisioterapia tem um impacto positivo na sociedade, reabilitando, prevenindo e tratando pacientes com disfunções osteomioarticulares as quais são responsáveis pelos afastamentos laborais de muitos brasileiros.