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O presente trabalho, inspirado pelas epistemologias do Sul, pela ecologia de saberes e pela educação popular, trata de uma criativa e inovadora experiência de formação e participação social na saúde, o Curso de Ferramentas Virtuais Participativas.

Realizado gratuitamente com quinze turmas ao longo de 2021, o curso integra o Projeto “Formação para o Controle Social no SUS - 2ª edição” e foi desenvolvido pelo Centro de Educação e Assessoramento Popular (CEAP) em parceria com o Conselho Nacional de Saúde (CNS), através da Comissão de Educação Permanente para o Controle Social no SUS (CIEPCSS) e apoiado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

Em uma conjuntura extremamente adversa, marcada pelo retrocesso das políticas sociais de participação cidadã e pela pandemia da COVID-19, que nos levou a adotar severas regras e protocolos de distanciamento social para evitar o contágio, o Curso de Ferramentas Virtuais Participativas nasce da necessidade apresentada por conselheiros e conselheiras de saúde, movimentos sociais, entidades e organizações da sociedade civil, de aprender como realizar em ambiente virtual atividades formativas, reuniões de conselhos, encontros entre lideranças dos movimentos e ações políticas e de controle social em seus territórios e comunidades.

Diante do desafio, buscamos desenvolver formas de uso das ferramentas virtuais convencionais de modo a promover a articulação, a solidariedade e as práticas de educação popular em defesa do SUS, mesmo sem a possibilidade da presença física, do toque, do abraço e do calor humano sempre tão marcantes nas reuniões presenciais dos processos de formação para o controle social no âmbito do SUS através da educação popular.

Procurando fazer um uso contra hegemônico de ferramentas hegemônicas, o curso procurou discutir com os/as participantes formas de utilizar ferramentas virtuais como o Zoom, o Padlet, o Mentimeter, o Mindmeister, o Stream Yard e o Prezi, para a realização de reuniões online e de processos pedagógicos coletivos, de modo a promover encontros virtuais mais dinâmicos, participativos e envolventes, permitindo assim que conselhos, organizações e movimentos sociais pudessem se encontrar, articular e desenvolver ações e atividades de rotina mesmo diante da contingência do isolamento social e dos desafios de aprendizagem de novos processos virtuais.

O sucesso do curso e o desejo dos/as participantes de qualificarem os conhecimentos e habilidades adquiridos e de se apropriarem melhor das ferramentas resultou na publicação de um pequeno livro intitulado “Guia do Curso de Ferramentas Virtuais Participativas”, produzido a partir de muitas conversas, aprendizagens recíprocas, trocas de experiências e uma forte interação entre educadores/as, conselheiros/as e lideranças dos movimentos que participaram do curso.