Apresentação: A assistência pré-natal é baseada em um conjunto de ações e procedimentos clínicos, educativos, que visam monitorar a evolução da gravidez e promover a saúde da gestante e de seu bebê, assim, a prática da realização do pré-natal humanizado e qualificado traz consigo a importante responsabilidade de orientar a gestante quanto a prevenção e/ou identificação de doenças e infecções para, desta forma, diminuir os riscos de complicações durante a gestação. A gestação é um fenômeno ­fisiológico, portanto, sua evolução prossegue na maior parte dos casos em risco habitual, entretanto, algumas gestantes, por características particulares, apresentam maiores possibilidades de intercorrências desfavoráveis na gestação, necessitando de assistência pré-natal de “alto risco”, com cuidados mais especializados e um monitoramento mais rigoroso. Portanto, faz-se necessário a reclassificação do risco a cada consulta e durante o trabalho de parto. Dentre algumas patologias que podem causar complicações na gestação estão as Síndromes Hipertensivas da Gestação, sendo a mais recorrente e que geralmente é diagnosticada após a 20º semana de gestação; se não tratada corretamente, a gestante pode evoluir à pré-eclâmpsia, eclampsia, pré-eclâmpsia sobreposta a hipertensão crônica. É importante destacar que o pré-natal deve ser organizado para alcançar seus objetivos, proporcionando maior acessibilidade e continuidade do acompanhamento das gestantes. Por isso, é de suma importância o trabalho dos profissionais enfermeiros na atenção básica, visando uma melhor prestação de serviços à população, bem como identificar precocemente complicações nas gestantes. Neste sentido, o objetivo deste estudo é descrever a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem acerca da atuação do enfermeiro na assistência à gestante na Atenção Básica em um município do Estado do Pará. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo de abordagem descritiva, do tipo relato de experiência, sobre a vivência de acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal do Pará a respeito da atuação do enfermeiro durante a assistência de pré-natal na atenção básica. A realização dessa vivência ocorreu em estágio curricular obrigatório em saúde da mulher, realizada em uma unidade básica de saúde localizada na cidade de Belém no estado do Pará. Resultados: Na atenção básica o enfermeiro, em conjunto com o médico, são os principais profissionais pelos quais a gestante deve passar por consultas durante todo seu processo gestacional. Assim, os acadêmicos realizam a assistência às gestantes durante o período de prática, sob supervisão de um profissional enfermeiro, afim de aperfeiçoar e criar competências e habilidade na identificação e manejo de complicações que possam surgir na saúde da mulher. Desta forma, em um dos atendimentos, os acadêmicos acolheram uma gestante, no terceiro trimestre gestacional, para sua primeira consulta, sendo realizado todo o Processo de Enfermagem (PE). Conduziu-se a primeira etapa do PE: a coleta de dados, com o histórico de enfermagem; exame físico, céfalo-podálico, inspeção da pele e mucosas, cavidade oral, aferição da pressão arterial, peso, ausculta cardíaca e pulmonar e a avaliação da presença de edemas nos membros inferiores; executou-se o exame obstétrico com inspeção das mamas, verificação da altura uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais (BCF) com o sonar Doppler. Posteriormente, realizou-se o levantamento dos fenômenos de enfermagem encontrados durante a consulta, seus respectivos diagnósticos de enfermagem e, por fim, foram feitas orientações à gestante. Observou-se elevação da pressão arterial e sobrepeso na gestante acompanhada. Na etapa de planejamento de enfermagem do PE, orientamos sobre o uso de roupas leves e confortáveis; a importância sobre higienização e exposição das mamas aos raios de sol diariamente; realizar atividades físicas leves para reduzir o peso, como caminhadas com sapatos adequados para evitar dorsalgia; alimentação a cada 2 horas, com aumento da ingestão hortaliças folhosas e leguminosas, frutas, hidratação com bastante água e de comer duas castanhas do Pará por dia para reduzir a pirose; cuidados com a higiene oral, para evitar o aparecimento de cáries; realização adequada da higienização genital, para reduzir o surgimento de possíveis infecções; esclarecida sobre os riscos do consumo de alimentos ricos em sal e açúcar, como enlatados e embutidos; e orientada a conhecer a maternidade que irá realizar seu parto. Solicitou-se os exames laboratoriais, com o intuito de investigar doenças e possíveis infecções que são transmitidas na gravidez, por via transplacentária, da mãe para o feto, sendo eles: hemograma, para verificar a dosagem de hemoglobina e hematócrito; tipo sanguíneo e fator Rh; glicemia em jejum; EAS tipo I; triagem para sífilis, HIV/aids, toxoplasmose, rubéola, doença de Chagas, hepatite B e C, citomegalovírus e de HTLV. Por fim, prescrita a suplementação com ácido fólico e sulfato ferroso e, devido aos problemas encontrados (Pressão arterial elevada e o sobrepeso), referenciou-se a paciente ao serviço de gestação de alto risco, para que fosse avaliada pelos profissionais dessa instituição e passasse a ter acompanhamento do final de sua gestão por lá, caso contrário, seria contra referenciada à unidade básica de saúde para seguir com a assistência. Valorizou-se, durante a consulta, as dúvidas e questionamentos apresentados pela gestante, respeitando sua autonomia e, desta forma, agindo de forma humanizada, proporcionando o vínculo profissional-paciente. Sendo um momento oportuno para que as mulheres vejam a importância do acompanhamento do pré-natal para uma gestação saudável e haja redução de risco e complicações. Conclusão: A aproximação do acadêmico com o campo de prática é fundamental para a formação do futuro profissional, oportunizando o aprendizado de conhecimentos apreendidos na teoria, contribuindo para a aquisição de competências e habilidades para o exercício da profissão e, não menos importante, sensibilizar o aluno a ter um olhar mais crítico nas consultas para valorizar as práticas assistenciais humanizadas. Ressalta a importância da prestação de serviços de pré-natal por enfermeiros, a fim de acompanhar e gerenciar os cuidados às gestantes na atenção básica, através da prevenção, promoção e recuperação da saúde, minimizando o surgimento de complicações e diminuindo a taxa de mortalidade materna-infantil, que podem ser evitadas e, o enfermeiro como educador em saúde, com a escuta qualificada dos questionamentos das gestantes e, assim, estimular nelas a prática do autocuidado. Com o aprendizado baseado em conhecimento científico e na vivência prática é proporcionado aos acadêmicos um maior arcabouço para sua atuação profissional, bem como fornece mais segurança para o desenvolvimento da assistência. Para os usuários, em especial as gestantes, auxiliam no acompanhamento e cuidado longitudinal de um dos princípios da Atenção Básica que visa também um cuidado holístico.