Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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DIVERSUS - UMA EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO JUVENIL
Tatiany Volker, Luciana Sepulveda, Aline Guio Cavaca

Última alteração: 2022-06-23

Resumo


A participação social é um eixo estruturante do Sistema Único de Saúde (SUS) e base constitutiva da democracia. Localizada histórica e socialmente, a participação se apresenta como uma categoria analítica que envolve as relações estabelecidas pelos indivíduos e coletividades na tomada de decisões e socialização do poder, para intervenção na realidade em que vivem e no exercício democrático do direito à saúde. Embora legalmente instituída e presente em documentos e diretrizes que orientam a organização do SUS, a participação da população, em especial de segmentos sociais como as juventudes, ainda necessita ser efetivamente implementada e fortalecida.

Estudos apontam a existência de barreiras e entraves, sejam de ordens materiais, institucionais e/ou simbólicas, que limitam o envolvimento dos/das jovens nas políticas públicas de saúde. Ainda permanece, embora não unicamente, a reprodução de lógicas adultizadas que orientam o exercício da cidadania e a promoção de processos participativos junto às juventudes, bem como prevalece uma visão dos jovens como objetos de tutela ou apenas beneficiários das ações do Estado. Raras são as situações em que são percebidos como sujeitos capazes de participar dos processos de definição, invenção e negociação de direitos.

Os modos de se relacionar e se comunicar na saúde somam-se a esse cenário, podendo facilitar ou dificultar a participação dos segmentos juvenis. É importante reconhecer a centralidade da comunicação na constituição de processos participativos que envolvam os jovens, além de necessário que sejam desenvolvidas estratégias que buscam desenvolver espaços, processos e práticas para ampliação e potencialização das vozes da população. Uma abordagem que tem sido apresentada como promissora nas ações com as juventudes nessa perspectiva é a da educomunicação.

Assim, o objetivo desse projeto de pesquisa é compreender em que medida a proposta educomunicativa contribui para o diálogo nas ações de saúde e para a ampliação da participação dos jovens nas políticas públicas de saúde. Para isso, utiliza o Estudo de Caso como metodologia a partir de uma abordagem qualitativa e analítica, para compreensão do fenômeno da educomunicação no contexto da saúde.

Esse estudo busca analisar o Projeto DiverSUS - Educomunicação, Juventudes e Saúde, uma experiência de diálogo com as juventudes e de participação social juvenil, de abrangência nacional, realizada pelo Ministério da Saúde (MS), em parceria com o Fundo de Populações das Nações Unidas (Unfpa/ONU), entre os anos de 2017 e 2018. Em conjunto com coletivos juvenis do/no Brasil foram desenvolvidos conteúdos em comunicação a partir da produção de narrativas juvenis em diferentes mídias (fotos, vídeos, textos, ilustrações) sobre a intersecção entre as suas identidades, condições sociais, sexualidades e afetos, numa perspectiva de fortalecimento dos direitos sexuais e direitos reprodutivos dessa população.

Durante a pesquisa, serão realizadas entrevistas semiestruturadas com jovens participantes do DiverSUS, de forma virtual, para a coleta de informações e percepções dos próprios jovens acerca da sua experiência no projeto. Também serão ouvidos técnicos e gestores do MS e Unfpa que estiveram envolvidos na implementação da iniciativa, além de gestores locais que contribuíram com a articulação da iniciativa nos territórios.