A pandemia da Covid-19 despertou, no cenário mundial, um conjunto de implicações nas mais variadas esferas, com destaque o campo sanitário, político, econômico e social. No Brasil, houve um acirramento de tais desdobramentos, com proporções incomensuráveis, sucedendo-se numa agudização das expressões da questão social, com impactos drásticos, em especial, ao cenário da saúde pública, quer seja pelas questões de ordem epidemiológica, as que determinam a dimensão política do acesso e qualidade dos serviços, até mesmo em decorrência de narrativas divergentes e contrárias com as diretrizes e os estatutos da Ciência, na intervenção à patologia e suas consequências. Além disso, considerados os investimentos do Movimento da Reforma Sanitária, na efetivação do Estado democrático de direito e suas reverberações à política de Saúde, principalmente com a criação do Sistema Único de Saúde – SUS, o contexto em evidência, acrescido das tenuidades oriundas da pandemia, retrata elementos que coligem numa crise sanitária de proporções estruturais, por vias de uma gestão inefetiva e direcionada em/por movimentos hegemônicos, sumariamente, contrários aos princípios, basilares e constitucionais, da universalidade e integralidade. Isso posto, se observadas as disposições da Saúde, pós constituinte, como política de Seguridade Social, vale-se afirmar que, o seu acesso é um direito. No entanto, quando elencadas as implicações, cotidianizadas pelos direcionamentos intergovernamentais, do contexto em evidência, indica-se afirmar que essa crise estrutural, nesse campo, é estrategicamente delineada. Isso posto, esta exposição busca propor uma crítica sobre os movimentos governamentais implicantes à saúde pública brasileira, no contexto de intervenção à pandemia da Covid-19. Para tanto, utilizou-se das diretrizes da revisão integrativa, mediante levantamento de materiais bibliográficos em bases de processamento de dados.