Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Ocorrência de depressão pós parto em mulheres vítimas de violência obstétrica: uma revisão da literatura
Isis Milani de Sousa Teixeira, Pedro Paulo do Prado Júnior, Lara Lelis Dias, Laís Sousa da Silva, Daniel Reis Correia, Eduarda de Paula Mendes, Anne Maria Carneiro Zuin, Renata Oliveira Caetano Oliveira Caetano

Última alteração: 2022-01-26

Resumo


Apresentação: O ciclo gravídico-puerperal, embora fisiológico, sofre influência de diversos fatores, sendo eles psicológicos, ambientais, culturais, além de modificações físicas, hormonais e psíquicas que podem ocorrer em todo o período gestacional e afetar diretamente na saúde mental. Observa-se na literatura que 10 a 15% das mulheres se sentem ansiosas ou depressivas durante a gravidez, o que pode intervir no desenvolvimento fetal adequado, trazendo resultados obstétricos desfavoráveis e riscos para a mãe e para o feto. Tais manifestações emocionais podem persistir no período pós-parto, geralmente entre 2 a 8 semanas, podendo durar por até 1 ano. A depressão pós parto (DPP) compromete o comportamento parental, o vínculo entre mãe e filho, o desenvolvimento da criança e a qualidade de vida da mulher. A principal causa deste distúrbio ainda não é conhecida, porém estudos indicam que a violência obstétrica - qualquer ação intencionada à mulher grávida, parturiente ou puérpera, ou ao bebê, sem o consentimento e desrespeitando sua autonomia, integridade física e mental, sentimentos e preferências - pode contribuir significativamente para a DPP. Assim, o presente estudo tem como objetivo revisar na literatura a ocorrência de DPP em mulheres que sofreram violência obstétrica. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma revisão literária, cuja busca foi realizada durante o mês de novembro de 2021, via Biblioteca Virtual da Saúde, utilizando os descritores “Depressão pós parto” e “Violência Obstétrica”, associados pelo operador booleano “AND”. Foram incluídos artigos publicados entre 2015 e 2020, nos idiomas português e inglês, que estavam disponíveis para leitura na íntegra. Estudos que não estavam disponíveis na íntegra gratuitamente e não associavam a violência obstétrica como uma das possíveis causas da DPP foram excluídos. Resultados e/ou impactos: No total foram encontrados 10 estudos, sendo 4 selecionados após a leitura na íntegra e a avaliação pelos critérios de inclusão e exclusão. A revisão dos estudos escolhidos evidenciou que eventos traumáticos sofridos pela mulher no ciclo gestação/parto/puerpério, como estresse, agressão, desrespeito, técnicas dolorosas sem consentimento ou informação e negligência no cuidado, característicos da violência obstétrica, são fatores de risco para a DPP. Além disso, notou-se ainda que embora esteja crescendo órgãos e projetos em defesa da mulher, atitudes abusivas e desrespeitosas por profissionais da saúde são ainda muito evidentes em períodos que essas deveriam ser amplamente assistidas, apoiadas e protegidas, com o mínimo possível de intervenções. Considerações finais: Em razão de todos os prejuízos biopsicossociais resultantes das violências sofridas pela gestante, parturiente ou puérpera é necessário um maior engajamento tanto dos profissionais de saúde quanto das administrações hospitalares responsáveis pela atuação dos profissionais da área, uma vez que as transgressões ocorridas podem ser prevenidas, evitando uma taxa consideravelmente alta de mulheres com depressão pós parto. Por fim, ressalta-se a necessidade de mais estudos que evidenciem a DPP enquanto consequência da violência obstétrica, a fim de que a assistência humanizada à mulher seja de fato existente e deixe de sofrer com despreparo, imperícia na prática e negligência nos atendimentos.