Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Práticas Integrativas e Complementares: Experiências exitosas de Terapeutas Ocupacionais na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Ingrid Bergma da Silva Oliveira, Amélia Belisa Moutinho da Ponte, Lucivaldo da Silva Araújo

Última alteração: 2022-01-26

Resumo


Apresentação: As Práticas Integrativas e Complementares (PICS) envolvem abordagens utilizadas na prevenção de agravos, promoção, manutenção e recuperação da saúde. Pautam-se em modelos de atenção que enfatizam a escuta acolhedora, o desenvolvimento de vínculo terapêutico e a integração do humano com o meio ambiente e a sociedade, características afinadas com a Reforma Psiquiátrica e o pensamento antimanicomial. Entre 2006 e 2018 a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS vem sistematicamente sendo ampliada com a inclusão de novas práticas que atualmente perfazem 29 PICs. Nosso objetivo é relatar sobre as implicações dessas experiências na vivência de usuários nos espaços de cuidado da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Belém/PA. Desenvolvimento do trabalho: Neste estudo narramos a experiência com duas PICS, a Terapia Comunitária Integrativa (TCI) e as Danças Circulares Sagradas (DCS), em dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da região metropolitana de Belém/PA no período de 2016 a 2018. As referidas PICs foram experienciadas com a construção de grupos específicos para suas efetivações, contemplando familiares e usuários dos CAPS, desde que estes apresentassem interesse pelos grupos, que aconteciam uma vez por semana por duas horas. As práticas eram conduzidas por terapeutas ocupacionais com formação nas PICS e com o auxílio de discentes de cursos de graduação em Terapia Ocupacional. Resultados e/ou impactos: As PICS vivenciadas nos CAPS de Belém promoveram certo desengessar das rotinas, uma vez que não se faziam na repetição, mas na criação, com ênfase para o estímulo do potencial criativo em grupo, seja no movimento com as danças, seja no enfrentamento de adversidades com a TCI. Estas práticas propuseram um exercício de relação horizontalizada, condizente com a maneira como acreditamos que os CAPS devem atuar, pois é importante uma outra lógica de relação com os usuários, que não a hierárquica. Desta forma, observamos uma maior aproximação entre terapeutas e clientes, ampliando assim a possibilidade de estabilização dos quadros, maior comprometimento com o tratamento proposto nos CAPS dentre outros ganhos. Considerações finais: As práticas integrativas e complementares mostraram-se como possibilidade viável de promoção de bem-estar, qualidade de vida, escuta de si e interação saudável em meio às intervenções em saúde mental já realizadas anteriormente no espaço dos CAPS em questão, e pela leveza das suas dinâmicas de condução, bem como fazer sentido nas buscas existenciais de usuários e seus familiares, contaram com boa adesão e repercussão. Constituíram-se, também, como espaço de ampliação de trocas afetivas, de produção de vida, de transformação da maneira como se lida com as adversidades diante da vivência de um sofrimento psíquico, o que produziu vitalidade contínua nos espaços de cuidado. Para a Terapia Ocupacional, as intervenções das profissionais com as PICs demarcam um espaço de atuação que vem se solidificando junto ao processo de intensificar a formação destes profissionais com base na motricidade humana, na compreensão do corpo e suas subjetividades e na atenção integral aos clientes.