Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O papel da Estratégia da Saúde da Familia e Comunidade na rede de urgências e emergências
Fábio Mauro Ricciulli, Elen Rose Lodeiro Castanheira

Última alteração: 2022-02-02

Resumo


Apresentação: A Estratégia de Saúde da Família e Comunidade (ESFC), principal modelo preconizado para a atenção básica (AB), deve assegurar o acolhimento da demanda espontânea, com escuta ativa e qualificada de qualquer pessoa, com classificação de risco e encaminhamento responsável conforme as necessidades expostas, o que inclui as demandas de cuidado em situações de urgência e emergência (U/E). Para isso, deve atuar de maneira resolvente, articulando-se com outros serviços integrados por mecanismos de fluxos e contra-fluxos, compondo a rede de atenção às urgências e emergências (RAUE). Assim, é fundamental que todas as unidades de AB estejam preparadas para abordar situações U/E, tanto em relação à capacitação dos profissionais de saúde quanto em relação à estrutura da unidade de saúde no que se refere à existência de equipamentos, insumos e medicamentos para que o primeiro atendimento possa ocorrer de forma eficaz, sendo o estudo dessas questões o objetivo geral desse trabalho. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, descritiva, exploratória acerca do tema U/E, realizada nas sete unidades com ESFC de um município do centro-oeste paulista. Foram feitas entrevistas semi-estruturadas com 38 profissionais, sendo 28 profissionais de ESFC, incluindo nove médicos, nove enfermeiros e 10 técnicos de enfermagem; cinco gerentes de unidade básica de saúde (UBS), sendo um deles acompanhado de um assistente que é agente comunitário de saúde; três profissionais da unidade de pronto atendimento (UPA), sendo um gerente, um enfermeiro responsável técnico e um médico que presta assistência; e um técnico que acompanha as transferências na ambulância municipal. Em visita a cada UBS foram aplicados dois instrumentos de checklist para verificar a disponibilidade de equipamentos, insumos e medicamentos voltados para situações de U/E. A análise dos dados foi feita segundo descrição temática com base no referencial donnabediano relativo à tríade estrutura–processo-resultados. Resultados: Os dados e experiências dos entrevistados na abordagem de situações de U/E na ESFC foram agrupados em três grandes núcleos temáticos: avaliação da estrutura, o processo de trabalho na atenção às U/E e a articulação da ESFC com a RAUE. A estrutura mostrou-se deficiente, tanto em relação à capacitação que atingiu 61% dos profissionais quanto à disponibilidade de equipamentos e insumos, que variou de 53-79% do total preconizado, e de medicamentos, que alcançou de 17-48% do recomendado. Embora as ESFC refiram atender casos de U/E, principalmente dos aparelhos circulatório, endócrino e respiratório, o processo de trabalho não está organizado de modo a absorver essa demanda de forma satisfatória e a articulação com a UPA é deficiente. Considerações finais: Aprimorar o papel da ESFC na RAUE é fundamental para que cada unidade possa cumprir sua função de forma mais efetiva. Cabe às ESFC, o primeiro atendimento básico aos casos de U/E com avaliação da necessidade de referência para uma instância de maior complexidade. Para tanto, faz-se necessário um maior investimento em condições de estrutura física e material, capacitação e educação permanente dos profissionais e aprimoramento da integração com outros níveis da RAUE.