Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A CONSTRUÇÃO DE MUNDOS OUTROS: A EXPERIÊNCIA DO PROCESSO DE INCLUSÃO NA FORMAÇÃO EM SAÚDE
Waldenilson Teixeira Ramos, Larissa Helena Rossetto, Úrsula Oliveira da Cunha Galindo

Última alteração: 2022-01-28

Resumo


Em 19 de agosto de 2021, o ministro da educação, Milton Ribeiro, declara: 12% das crianças com deficiência que estudam em escola pública possuem um grau de impossível convivência com os demais alunos; doravante, pronúncia: alunos com deficiência “atrapalham” o aprendizado de outros estudantes. Ambas afirmações inserem no cenário político as dimensões macro e micro fascistas vigentes, as quais, respectivamente, podem ser evidenciadas nas instituições de ensino em todo o país e nas relações sociais cotidianas. Nessa visão, pessoas com deficiência enfrentam dificuldades de acesso à uma educação equânime. Implicados em realizar uma reflexão ética-política, nós, estudantes da área da saúde, construiremos um debate sobre o cenário em disputa das práticas de inclusão dos corpos com deficiência no campo do ensino-educação, evidenciando as urgências deste debate também em nossas formação em psicologia e medicina ─ campos da saúde que fazemos parte. Assim, será exposto nosso olhar inclusivo às pessoas com deficiência nos espaços educacionais, concretizado por meio de nossa atuação no projeto de extensão universitária “Educação, Deficiência e Facilitação de Aprendizagem”. As construções dessas reflexões se deram a partir de encontros semanais virtuais, nos quais emergiram debates que tornaram possíveis nossas atuações de extensão como facilitadores do aprendizado de estudantes universitários com deficiência, em que realizamos o acompanhamento das atividades acadêmicas ligadas ao curso do aluno assistido, atentos ao acesso, a participação e a aprendizagem do estudante. Podemos constatar, a partir desta experiência e no impacto que o projeto tem em nossas atuações em saúde, que os nossos gestos marcam uma ruptura às lógicas hegemônicas de exclusão da diferença, como aquela presente em discursos como o do ministro. Assim como as falas do político são apenas uma imagem das forças neofascistas atuais, nossas atuações e os diálogos contribuem para a produção de linhas de insurgência na contemporaneidade, tão inadiáveis para resistir às tentativas de aniquilamento da diferença. Enquanto futuras psicólogas e médica, enxergamos a intrínseca relação da formação em saúde e a construção de um olhar inclusivo aos corpos com deficiência. Logo, é nesse escopo de análise crítica que forma-se o objeto central deste trabalho: um olhar ao presente campo político de disputa constante das práticas educacionais de inclusão, no qual nossas práxis são nosso material empírico de constatação às forças de resistência. Defronte às nossas experiências e do neofascismo atual, examinamos que as práticas de inclusão na educação não estão dadas, todavia, encontram-se em constante disputa. Portanto, urge a necessidade de práticas em vias inventivas, para que o ensino possa se consolidar democraticamente. Caminharemos com alguns pensadores da corrente filosófica da Filosofia da Diferença, como Gilles Deleuze e Félix Guattari, e para a compreensão das políticas de ensino no Brasil, embasaremos-nos nas grandes contribuições de Paulo Freire. Pautado nos desafios da contemporaneidade, o grupo que compõe o projeto em questão propõe o enfrentamento do silêncio, promovendo rupturas que potencializam alternativas para o atual paradigma exclusivista, forjando a possibilidade de inserção de mundos outros.