Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-23
Resumo
A finitude da vida tem sido abordada superficialmente na formação do profissional de saúde, o que pode levar à sofrimentos e dificuldades no decorrer de seu processo de trabalho, o que motivou o Laboratório de Estudos em Atenção Primária (LEAP), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um Programa de Extensão universitária, a propor este tema junto aos estudantes. A pandemia de COVID - 19 no Brasil tem levado os profissionais de saúde e a população em geral a experimentar a vivência do luto de maneira intensa. Assim, nos perguntamos: como lidar com a morte na formação profissional em saúde? Como acolher estudantes e profissionais em processo de luto? Acreditamos que pensar a morte é pensar a vida, apesar do seu fim, assim o tema da finitude da vida tornou-se fundamental. Assistimos em grupo, via remota, à performance do vídeo: “Dançar a morte para lidar com a vida”; elaborada por estudantes do LEAP com base no conto “Viagem a Petrópolis" de Clarice Lispector (2016), que aborda o tema da finitude da vida. Em seguida realizamos uma Roda de Conversa, dispositivo nomeado por Paulo Freire como círculos de cultura, capazes de promover, em processo grupal, a compreensão - particular e coletiva - dos conflitos inerentes à vida. Abrimos espaço para circular os afetos, na tentativa de significar as experiências vividas subjetivamente durante a pandemia de COVID-19. A dor e o medo apareceram e encontraram caminhos para desaguar. Estudantes, professoras e professores compartilharam experiências, tocaram e se permitiram tocar. Lamentos fúnebres foram se harmonizando pela sensibilidade da orquestra que acolheu o luto. Dançando a morte, tateamos maneiras de fluir na vida, sustentando os vazios. A experiência vivenciada nesta Roda de Conversa, nos potencializou sobre a importância de construirmos espaços mais sensíveis para lidar com o luto e abordar a finitude da vida dentro da formação profissional em saúde. Revelou-nos também o valor da arte, da literatura e do encontro, enquanto dispositivos pedagógicos, além da necessidade de valorizarmos as experiências do corpo, revelador de sentidos e saberes a serem praticados.