Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Dançar a morte para lidar com a vida
Clara Judithe de Jesus Nascimento, Luan Limoeiro Silva H. do Amaral, Ana Beatriz de Oliveira Rabelo Duarte, Nilcéia Figueiredo do Nascimento, Valéria Ferreira Romano, Gabriela Jade Nascimento Figueiredo, Iohanna Sanches Grammatikopoulos, César Augusto Paro

Última alteração: 2022-02-23

Resumo


A finitude da vida tem sido abordada superficialmente na formação do profissional de saúde, o que pode levar à sofrimentos e dificuldades no decorrer de seu processo de trabalho, o que motivou o Laboratório de Estudos em Atenção Primária (LEAP), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um Programa de Extensão universitária, a propor este tema junto aos estudantes. A pandemia de COVID - 19 no Brasil  tem levado os profissionais de saúde e a população em geral a experimentar a vivência do luto de maneira intensa. Assim, nos perguntamos: como lidar com a morte na formação profissional em saúde? Como acolher estudantes e profissionais em processo de luto? Acreditamos que pensar a morte é pensar a vida, apesar do seu fim, assim o tema da finitude da vida tornou-se fundamental. Assistimos em grupo, via remota, à  performance do vídeo: “Dançar a morte para lidar com a vida”; elaborada por estudantes do LEAP com base no conto “Viagem a Petrópolis" de Clarice Lispector (2016), que aborda o tema da finitude da vida. Em seguida realizamos uma Roda de Conversa, dispositivo nomeado por Paulo Freire como círculos de cultura, capazes de promover, em processo grupal, a compreensão - particular e coletiva - dos conflitos inerentes à vida. Abrimos espaço para circular os afetos, na tentativa de significar as experiências vividas subjetivamente durante a pandemia de COVID-19. A dor e o medo apareceram e encontraram caminhos para desaguar. Estudantes, professoras e professores compartilharam experiências, tocaram e se permitiram tocar. Lamentos fúnebres foram se harmonizando pela sensibilidade da orquestra que acolheu o luto. Dançando a morte, tateamos maneiras de fluir na vida, sustentando os vazios. A experiência vivenciada nesta Roda de Conversa, nos potencializou sobre a importância de construirmos espaços mais sensíveis para lidar com o luto e abordar a finitude da vida dentro da formação profissional em saúde. Revelou-nos também o valor da arte, da literatura e do encontro, enquanto dispositivos pedagógicos, além da  necessidade de valorizarmos as experiências do corpo, revelador de sentidos e saberes a serem praticados.