Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Privados de dignidade: o cotidiano de pessoas privadas de liberdade
Beatriz Santana Caçador, Laylla Veridiana Castória Silva, Thuany Caroline Souza e Silva, Antônio Aparecido Branco Júnior, Bruna Pereira de Oliveira, Luíza de Alcântara Dutra, Júlia Torres Amaro, Fabiana Nascimento Lopes

Última alteração: 2022-01-28

Resumo


Apresentação: O Brasil abriga uma das maiores populações carcerárias do mundo e o sistema prisional é delineado por uma lógica punitivista e excludente que invisibiliza a realidade dos privados de liberdade negando-lhes acesso aos direitos humanos fundamentais. Importa ressaltar que a população carcerária é majoritariamente composta por homens jovens, pobres e negros, refletindo uma seletividade no sistema prisional brasileiro. Surge, pois, a inquietação sobre a percepção das pessoas privadas de liberdade sobre seu cotidiano: como as pessoas privadas de liberdade percebem seu cotidiano? O cotidiano constitui-se como o lugar em que os sujeitos criam suas formas singulares profundas de estar no mundo, relacionar e agir. Subjetivam a realidade concreta e, mediante suas invenções cotidianas, interpretam a realidade, conferindo-lhe significados. Objetivo: compreender o cotidiano de uma população privados de liberdade. Método: Estudo qualitativo, realizado em um presídio do interior de Minas Gerais, com 18 participantes que responderam a entrevista aberta orientada por roteiro semiestruturado. Foi realizada análise de Conteúdo de Bardin. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Resultados Precárias são as condições de vida e higiene no cárcere devido a superlotação, calor excessivo, ambientes pouco arejados, excesso de barulho devido a aglomeração. As pessoas em situação carcerária vivenciam problemas de sono e repouso. Mesmo no inverno, os banhos são gelados. São raras as atividades de educação, trabalho e ressocialização, o que torna a rotina monótona e disparadora de sofrimento psíquico. As pessoas privadas de liberdade deste estudo reforçam que não desejam privilégios, mas o mínimo de dignidade para viver. Afirmam que precisam ser punidos pelos seus erros, mas que isso não significa que mereçam viver de qualquer forma e sob qualquer condição. O cotidiano relatado afeta a saúde das pessoas privadas de liberdade. Considerações finais. É necessário conscientizar a sociedade que a privação de liberdade não significa privação de direitos. Ao Estado cumpre garantir aos tutelados as condições mínimas de uma vida digna. Aos trabalhadores de saúde é urgente desenvolver competências para produzir saúde mediante as singularidades de um contexto marcado por iniquidades e exclusões.