Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O lugar do Ver-SUS na formação de trabalhadoras residentes inseridas na Atenção Primária à Saúde
Jaqueline Severo da Cas, Estefânia Borela, Juliana Carvalho Guedes, Maira Larissa Ramos da Rosa

Última alteração: 2022-01-29

Resumo


O Ver-SUS Santa Maria, Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde, ocorre a partir de iniciativas locais desde 2003, tendo o seu projeto nacionalizado em 2011, quando vinculado ao Ministério da Saúde. Apresenta como intuito o de qualificar trabalhadores para o SUS, sobretudo os que ainda estão em formação, apresentando-lhes os processos organizativos do SUS por meio da imersão no cotidiano dos mais diversos serviços das redes de atenção à saúde (RAS). O Ver-SUS que ocorre em Santa Maria possui em sua estruturação o método Josué de Castro, historicamente utilizado pelos movimentos populares no Brasil. Destarte, o objetivo deste trabalho é explicitar a relevância da vivência do projeto de extensão Ver-SUS na formação de trabalhadoras residentes em saúde da família referenciadas em Estratégias da Saúde da Família no município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Para tal, lança mão da metodologia de relato de experiência. A partir da análise crítico-reflexiva da vivência no Ver-SUS, identifica-se que o modelo baseado na educação popular torna a aprendizagem participativa, facilitando processos de absorção de conhecimento que estejam em consonância com a realidade apresentada. Nesse sentido, o Ver-SUS cumpre o papel de ser a experiência que viabilizou a compreensão dos princípios e diretrizes do SUS na práxis, descortinando os diferentes contextos sociais e a relação direta com o modo de produção capitalista na produção das desigualdades em saúde. Além disso, nos convoca a trabalhar a partir da interprofissionalidade, e a sermos sujeitas ativas e agentes políticas de transformação social e da defesa do SUS. Logo, o processo de síntese de que somos classe trabalhadora e trabalhadoras de saúde, independente do núcleo de formação, foi fundamental para chegarmos na residência multiprofissional em saúde com lucidez política e sem ilusões de neutralidade. Como considerações finais, compreendemos que, na contramão da graduação, a qual desenha uma formação fragmentada e alienada em si mesma a serviço da manutenção da ordem neoliberal, sem relação com as demais profissões, o Ver-SUS ocupou um lugar formativo essencial para essa sala de aula de educação bancária. Com a experiência da RMSF nos vimos como profissionais que buscam desenvolver um trabalho ético e comprometido com a emancipação do povo, seja na coletivização do cuidado em saúde, na horizontalização de saberes, no acolhimento das culturas e especificidades dos sujeitos, na articulação do controle social e organização comunitária, além da experiencialização de diferentes práticas coletivas potentes entre profissões na rede de atenção à saúde junto às e aos usuários.