A descentralização das políticas da saúde promoveu autonomia aos municípios brasileiros, o que envolve a gestão das ações e de serviços de atenção à saúde. Transcorridas mais de três décadas da institucionalização do Sistema Único de Saúde, o presente resumo traz como apontamento o impacto da democratização na evolução do perfil dos(as) secretários(as) municipais de saúde. A análise do banco de dados de três pesquisas realizadas em décadas sucessivas (1996, 2006 e 2017) aponta para a expansão da participação de diferentes grupos populacionais, a maior qualificação profissional desses atores, com destaque para a ampliação da participação feminina no exercício desta função de liderança. A enfermagem se sobressai como profissão prevalente entre os ocupantes do cargo. Tais achados refletem os efeitos do movimento de democratização nos espaços de poder historicamente pertencentes a elite patriarcal. Apesar dos reconhecidos avanços na representatividade destes cargos de gestão, muitos ainda são os desafios a serem enfrentados para garantir uma ampla representatividade deste cargo de liderança. A constatação da desigualdade salarial foi observada, mesmo com grau de escolaridade maior, as mulheres estão em posição de desvantagem em relação aos homens ocupantes do cargo de secretário municipal de saúde. O fortalecimento da capacidade de gestão do SUS envolve a ocupação desse espaço político como campo estratégico de práticas democráticas promotoras de saúde.