Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A organização de uma pré-conferência de saúde mental em território “Saúde Mental na Vila: o que queremos?”
Maira Larissa Ramos da Rosa, Jaqueline Severo Da Cas, Juliana Carvalho Guedes

Última alteração: 2022-01-29

Resumo


Fruto do movimento social pela reforma psiquiátrica, a Política Nacional de Saúde Mental, sob a Lei 10.216, representou uma grande conquista para a reorientação do modelo assistencial ancorado na desinstitucionalização, no cuidado em liberdade e prioritariamente na comunidade. Desde sua criação, em 2001, houve avanços significativos na construção de uma rede de atenção psicossocial de acordos com estes preceitos, entretanto, tal política vem sendo fortemente ameaçada em razão de uma lógica manicomial e hospitalocêntrica. Após mais de 10 anos desde sua última realização, em 2022 a política de estado para saúde mental, álcool e outras drogas passará por uma revisitação durante as Conferências de Saúde Mental nas etapas municipais, estaduais e por fim nacional como parte fundamental do controle social, assim como garantido pela Lei 8142/90. No município de Santa Maria, criou-se uma comissão organizadora para apoiar a articulação das pré-conferências, assim como efetivar a conferência municipal em saúde mental. Diante disto, o presente trabalho trata-se de um relato de experiência sobre a construção de uma pré-conferência de saúde mental com o objetivo de apresentar os significados desta construção na formação em saúde de residentes multiprofissionais em saúde da família. Intitulado “Saúde Mental na Vila: o que queremos?”, o encontro foi precedido por chamamentos públicos para as reuniões do conselho local de saúde para fins organizativos e optou-se por realizá-lo em uma escola municipal do território. Paralelamente, houve a promoção de uma feira de comerciantes locais. A metodologia escolhida foi a roda de conversa com apoio de uma caixa de sugestões livres e, a partir dela e da fala das e dos participantes, seguiu-se o debate até a formação de uma proposição.  Do espaço com quase 50 participantes, foram elencadas propostas como: ampla formação para o atendimento de emergências de saúde mental para os profissionais de saúde; promoção da saúde mental na escola e criação de espaços de acolhimentos seguros; campanhas contra todo tipo de violência infantil; apoio intersetorial: necessidade de um CRAS na região do território; maior contratação de profissionais de saúde na APS e melhor estrutura física na ESF. As conferências em saúde mental são ferramentas de extrema relevância no delineamento desta política pública. Realizá-la em meio a uma conjuntura adversa, assim como em outros períodos históricos, mostra o local estratégico na disputa de referenciais teórico-práticos que ela ocupa. Para a formação de residentes multiprofissionais inseridas nesta construção, entende-se que esta oportunidade contribuiu para a implicação com os espaços de participação popular,  o fortalecimento da discussão das políticas em saúde e da ampla defesa dos direitos em saúde.