Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
QUALQUER AMOR JÁ É UM POUQUINHO DE SAÚDE, conversas com os agentes comunitários de Saúde sobre gênero e sexualidade
Maria Denise Rodrigues Tameirão, Flávia do Bonsucesso Teixeira, Sergio Ferreira Júnior

Última alteração: 2022-01-31

Resumo


Este relato de experiência descreve um projeto de intervenção desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família, mestrado profissional vinculado à Rede PROFSAUDE que tem como objetivo construir estratégias para aprimoramento da Atenção Primária em Saúde.  Nossa proposta descreve o desenvolvimento de um projeto de intervenção para a promoção de diálogos sobre adolescência, gênero e sexualidade com as/os ACS que trabalham nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Bom Despacho/MG. Uma das mediadoras da intervenção exerce a função de médica de família e comunidade numa UBS e observou a dificuldade das/os ACS em abordar os/as adolescentes, principalmente quando os temas envolviam gênero e sexualidade. Considerando ser este um problema relevante posto que reconhece a importância do trabalho das/os ACS no contato direto com este público, e que suas condutas podem muitas vezes estabelecer barreiras e não pontes para o acesso deles/as à Unidade Básica de Saúde, propôs elaborar e executar um projeto de intervenção com o objetivo promover situações de conversações que permitissem às/aos Agentes Comunitários de Saúde - ACS refletirem sobre seus modos de interação com os/as adolescentes. A metodologia dos encontros foi inspirada na experiência do Projeto de Conversações Públicas, o PCP que propõe um ambiente dialógico seguro para pessoas com opiniões distintas possam tratar sobre temas considerados polêmicos. Os encontros dialógicos e participativos ocorreram por meio remoto e deles participaram 14 ACS, trabalhadores/as da Estratégia da Saúde da Família ESF e 03 facilitadores/as. Pensado incialmente para ocorrer no formato presencial, em razão da Pandemia do COVID-19, os encontros ocorreram na Plataforma Virtual Google Meet. Foram gravados através dos recursos da própria plataforma e posteriormente transcritos e os arquivos apagados. Foram 05 encontros com duração de 02 horas semanais perfazendo um total de 10 horas distribuídas em 05 semanas, alternadas quinzenalmente. As/Os ACS participaram no próprio local de trabalho, usando os computadores do serviço e tiveram a liberação da gestão municipal, com o horário de trabalho protegido.Os principais achados foram: a) a crença de que os/as adolescentes (de hoje) possuem mais e melhores informações para subsidiar suas decisões; b) o tempo presente, mediado pela tecnologia, tornaria a experiência da adolescência mais tranquila; c) a permanência da centralidade dos aspectos fisiológicos como recortes para tratar as questões da sexualidade; e d) a ausência de formação continuada para os/as profissionais de saúde que facilitasse a abordagem da temática. Dois elementos se destacaram: a compreensão de que o suposto desconcerto da adolescência estaria relacionado às questões relacionadas à sexualidade e ao gênero e que, as/os ACS demonstravam o desejo de saber/fazer, e a abertura para que a temática do cuidado da população LGBT adentrasse a UBS. Os resultados demonstram a pertinência da proposta, destacando sua potência como mediadora de transformações no cotidiano das Unidades Básicas de Saúde.