Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ACOLHIMENTO E ARTICULAÇÃO NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: RELATO DE ESTÁGIO NO CAPS III
Thais Marques dos Santos

Última alteração: 2022-01-30

Resumo


A Luta antimanicomial teve como objetivo garantir um cuidado digno e um novo lugar social para as pessoas com transtornos mentais. Para isso, buscou construir um cuidado que se dê em dispositivos substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando o modelo de internação de longa permanência. Neste sentido, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) parte como estratégia para superar a fragmentação da atenção e da gestão dos serviços de saúde, garantindo o conjunto de ações e de serviços que as pessoas em sofrimento psíquico necessitam dentro da sua complexidade. Para atender aos diversos fatores que se relacionem a saúde e a integralidade do sujeito, os dispositivos de saúde da RAPS se articulam em rede e abarcam uma multiplicidade de saberes e de instituições, tendo o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) como serviço especializado. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar e descrever os processos de articulação de um CAPS III localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro com os outros dispositivos da RAPS. O método utilizado foi a análise dos materiais bibliográficos referentes ao tema, junto a uma observação qualitativa proporcionada pela experiência vivenciada durante o estágio. Como resultado foi indicado que a RAPS ainda encontra dificuldade na sua fluidez, com alguns desafios que perpassam a falta de preparo das instituições para lidar com a saúde mental e a centralização das demandas no serviço especializado, o CAPS. Os profissionais de saúde ainda apresentam um olhar patologizante sobre os usuários com sofrimento psíquico, reduzindo todas as suas vivências e sofrimentos ao transtorno. Além disso, os desafios com a Atenção Básica foram agravados durante a pandemia de COVID-19, visto que os esforços e os recursos dos serviços estão voltados ao combate e à prevenção da doença. Conclui-se que a rede se mostra extremamente importante e benéfica para o cuidado do sujeito, mas que, apesar  das determinações do SUS, a população com transtornos mentais ainda encontra dificuldade no acesso a equipamentos de saúde. A herança do modelo clínico hegemônico perdura de forma significativa sobre os serviços de saúde, negligenciando a integralidade da atenção e o exercício da cidadania desses usuários. Ademais, as dificuldades de articulação tornam o cuidado segmentado e descontínuo, indicando que ainda há muito a ser construído.