O destino inadequado de medicamentos é uma prática comum na sociedade contemporânea, processo este influenciado pela facilidade de acesso e a forte expansão do consumo de medicamentos, como vem ocorrendo nos últimos anos no Brasil. Diante disso, a população e os governantes devem atuar conjuntamente na solução desse grave problema ambiental e de saúde pública. O objetivo deste trabalho é investigar os impactos do descarte inadequado de medicamentos no meio ambiente e a saúde humana por meio de uma revisão da literatura científica. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura tendo como questão norteadora “Quais as consequências do descarte inadequado de medicamentos no meio ambiente e a saúde humana?”. A busca dos estudos ocorreu entre maio e junho de 2021 nas bases de dados Pubmed, Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) usando as seguintes combinações de descritores: “healthcare waste disposal” AND “contamination”; “medical waste disposal” AND “contamination”; “medical waste disposal” AND “drug contamination”; “one health” AND “healthcare waste disposal”; “Pharmaceutical waste” AND “drug contamination”. Para a seleção dos estudos, utilizaram-se os critérios de inclusão: estudos com tema correspondente a pergunta norteadora, publicados na íntegra, durante o período de 2010 a 2020 e nos idiomas inglês, português ou espanhol. Foram excluídos: trabalhos de revisão da literatura, relato de caso, comunicações, monografias, resumos, baselines e artigos com abordagem relativa à disposição final de resíduos perigosos ou químicos provenientes de setores não farmacêuticos. Foram encontrados 179 artigos, desses, 35 estavam em duplicidade sendo descartados, restando 144 artigos elegíveis para a próxima etapa. Após a leitura dos títulos e resumos, foram identificados 48 artigos para serem avaliados. Posteriormente, realizou-se a leitura dos exemplares na íntegra, sendo selecionados 27 artigos como amostra final. Ao caracterizar os estudos conforme a localização geográfica, o Brasil apresentou o maior número de pesquisas na área (n=4), seguido pela Itália (n=3) e os Estados Unidos da América (n=2). Quanto ao ano de publicação, sete estudos foram publicados no ano de 2015, seis em 2017 e 2016 com quatro produções. Houve predominância de estudos com abordagem qualitativa e/ou quantitativa descritiva. A maior parte dos estudos tratou sobre a presença de fármacos em matrizes ambientais (n=13) e oito estudos abordaram os impactos em animais e plantas expostos a fármacos descartados. Um artigo apresentou a percepção do descarte inadequado e impactos ao meio ambiente e formas de descarte de medicamentos. Outros três e dois artigos, se distribuíram respectivamente nos dois últimos temas citados. Os estudos evidenciam como a contaminação das matrizes ambientais interferem no equilíbrio do ecossistema e apesar da grande preocupação quanto aos impactos do descarte inadequado de medicamentos presente nos estudos analisados, não foram encontradas pesquisas relacionando o descarte inadequado de medicamentos e a saúde humana nos critérios estabelecidos. À vista disso, com a escassez de estudos que contemplem questões como às consequências do descarte inadequado de medicamentos no meio ambiente e a saúde humana, ficam hiatos que poderiam indicar como este processo pode interferir na saúde pública o que fragiliza as políticas intersetoriais de promoção da saúde.