O trabalho em saúde é iminentemente um trabalho coletivo, e os conflitos no ambiente laboral podem contribuir para aumento de estresse, ineficiência, baixa produtividade, e má qualidade dos serviços. Esse ambiente adverso atrapalha a qualidade da atenção à saúde e afeta a saúde do trabalhador. O trabalho tem como objetivo conhecer a percepção dos profissionais de saúde acerca de como os relacionamentos interpessoais e com a gestão no ambiente laboral podem influenciar na saúde do trabalhador. Trata-se de uma pesquisa documental, com abordagem qualitativa e caráter descritivo. Teve como base a pesquisa “Saúde do Trabalhador e Condições de Trabalho em Saúde” realizada pelo Observatório de Recursos Humanos em Saúde da UFRN. Analisou-se documentos elaborados por profissionais que atuavam na área de gestão da saúde das Região Sul e Sudeste do Brasil, provenientes de uma atividade do curso de Especialização em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde entre os anos de 2018 e 2019. O conteúdo textual dos documentos foi processado no software IRAMUTEQ 0.7 através do método da Classificação Hierárquica Descendente, e nos segmentos de textos realizou-se a análise dos discursos. O estudo teve parecer favorável do Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes. O universo da pesquisa se constituiu de 324 documentos, os trabalhadores relataram que problemas de relacionamento entre trabalhadores e chefia e/ou entre trabalhadores no ambiente de trabalho pode gerar problemas de adoecimento entre os profissionais. Situações problemáticas no relacionamento interpessoal entre os trabalhadores geradas por equipes divididas em grupo, brigas entre a equipe, profissionais que levam situações para o lado pessoal, chefias autoritárias e falta de diálogo com a gestão são passíveis de gerar problemas emocionais e psicológicos entre os profissionais, isso, por sua vez, pode levar a situações de afastamento do trabalhador de sua atividade laboral. Problemas de relacionamento também afetam a organização dos serviços e comprometem a qualidade do trabalho em equipe, refletindo na qualidade dos serviços prestados aos usuários. Os problemas no clima organizacional e com chefias podem gerar consequências negativas para a saúde do trabalhador, bem como para o funcionamento do serviço. As falas dos profissionais revelam que ambientes de trabalho com relacionamentos difíceis podem gerar desmotivação, desunião e processos de trabalhos fragmentados, desencadeando até mesmo problemas de saúde no âmbito emocional e aumento das taxas de absenteísmo no trabalho. É preciso fortalecer o diálogo entre trabalhadores e implementar uma gestão participativa, promover um ambiente favorável a atuação profissional é fundamental, uma vez que os profissionais são protagonistas no desenvolvimento e melhoria do sistema único de saúde.