Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Uso do aplicativo “Belém Vacinada” na campanha de vacinação contra a COVID-19: experiência de acadêmicos de enfermagem
Pedro Lucas Carrera da Silva, Élida Fernanda Rêgo de Andrade, Natasha de Almeida de Souza, Maria Vitória Fernandes Barriga, Sandy Isabelly Osório de Sousa, Aline Gaia Gonçalves Lima, Kendra Sueli Lacorte da Silva, Willame Oliveira Ribeiro Junior

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


Apresentação: Em dezembro de 2019 houve um surto de pneumonia em Wuhan, China, que progressivamente espalhou-se pelos continentes, sendo denominada, em 2020, de COVID-19. Em março de 2020, devido esse quadro sanitário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de pandemia. No intuito de conter a disseminação da doença e evitar internações e mortes, recomendações foram propostas, como a produção de vacinas, que foram desenvolvidas em tempo recorde. No Brasil, a campanha de vacinação contra o COVID-19 foi impulsionada devido à quantidade crescente de casos positivos diariamente. Considerando o elevado quantitativo de usuários a serem imunizados, necessitou-se de voluntários na equipe de trabalho, entre eles, acadêmicos da área da saúde, principalmente, estudantes de enfermagem. Nesse contexto, o Departamento de Vigilância à Saúde (DEVS), da Secretaria Municipal de Saúde (SESMA) da cidade de Belém - estado do Pará, visando automatizar o cadastramento do cidadão, criou o aplicativo “Belém Vacinada”, eliminando a necessidade de registro em papel, contribuindo na rapidez e eficiência do cadastramento pelos profissionais/voluntários. Com isso, o presente trabalho objetiva relatar a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem na campanha de vacinação contra a COVID-19, baseando-se na utilização de recurso tecnológico para o aprimoramento do processo de cadastro. Desenvolvimento do trabalho: O local de vacinação possuia funções pré-estabelecidas, a saber: triagem - primeiro contato com o público e responsáveis por verificar as adequações dos pacientes em relação aos critérios adotados no dia de vacinação; organização de fila - encaminhavam os pacientes de maneira organizada ao registro e ao posto de vacinação; registro - coletavam dados para submissão ao sistema de informação e preenchiam a carteira de vacinação com dados do paciente; registro de posto - presente um em cada posto de vacinação, eram responsáveis pela contagem, verificação do horário de abertura,  temperatura e quantidade de doses por frasco, além de registrar que o paciente foi atendido naquele posto; volante - encarregados de dar suporte aos postos com materiais em falta e realizar a troca de frascos vazios por novos; responsável pela sala de vacina - verificava regularmente a temperatura e realizava a contagem de todos os frascos destinados ao local de vacinação; vacinador - responsável por realizar a aplicação do imunizante e por assinar e carimbar a carteira de vacinação. Todas as funções poderiam ser realizadas por acadêmicos voluntários da área da saúde, exceto a de vacinador, que era exclusiva para profissionais de enfermagem. Inicialmente, o registro do paciente era feito de maneira manuscrita em uma folha de papel e, somente ao final do dia, era encaminhada para lançamento no sistema eletrônico. Além disso, eram necessárias duas pessoas para registrar um paciente, onde, uma ficava responsável pelo preenchimento dos dados do paciente para posterior lançamento no sistema (nome completo, CPF ou nº do cartão SUS, ano de nascimento, nome da mãe e telefone para contato) e outra preenchia a carteira de vacinação (nome completo do paciente, local de vacinação, fabricante e lote do imunizante, data da vacinação) e orientava o paciente sobre os cuidados adequados após a imunização. Após alguns meses de anotações manuais, a SESMA disponibilizou aos locais de vacinação o aplicativo “Belém Vacinada”, destinado a smartphones. O aplicativo foi inicialmente desenvolvido para o sistema Android, não sendo possível utilizá-lo em outros sistemas. Ademais, era necessário possuir os dados de login e senha do local de vacinação para utilizá-lo. Com o uso do aplicativo, a função de registro passou de 2 pessoas, para 1, pois os demais dados já estavam preenchidos, sendo necessário apenas a confirmação da identificação, por meio do CPF ou nº do cartão SUS e preenchimento das informações do imunizante. Além disso, o aplicativo permitia a modificação de dados incorretos sobre o paciente. Posteriormente, com o intuito de ampliar o registro digital aos outros sistemas operacionais, a secretaria de saúde desenvolveu um site para que voluntários que não possuíam aparelhos com o sistema Android, fizessem o uso da tecnologia. Esse formato funcionava igualmente ao aplicativo, com o diferencial de poder ser acessado pelo navegador dos smartphones. É preciso ressaltar que, tanto na versão em aplicativo, quanto na versão em site, era necessário que os dispositivos tivessem acesso à internet. Resultados e/ou impactos: Após cerca de 8 meses com o uso do recurso tecnológico por parte dos voluntários nos postos de vacinação, avaliou-se a repercussão do registro digital para a dinâmica laboral dos acadêmicos de enfermagem. Por meio da observação e do número de pacientes vacinados diariamente, notou-se que a troca dos registros manuais pelo aplicativo/site desenvolvido, possibilitou a redução do tempo de cada registro e o aumento do número de pessoas vacinadas ao longo do período de funcionamento - tornando o processo mais rápido, simples e eficiente. Além disso, percebe-se que a necessidade de apenas um voluntário para a realização do registro de dados viabilizou o aumento no número de registradores, como também, a disponibilidade desses serem realocados para realizar outras funções. Dessa maneira, a inovação proporcionada pelos órgãos de saúde, com a utilização do registro eletrônico, oportunizou a ocorrência de rodízio entre voluntários, promovendo experiências nas variadas funções disponíveis, de modo a contribuir para a formação técnico-científica e ético-humanística do estudante de Enfermagem. É válido salientar que, inicialmente, o aplicativo apresentava-se instável e em certas situações veio a ficar fora do ar, necessitando a readequação dos voluntários. Entretanto, esses problemas foram notificados à SESMA, que solucionou gradativamente as falhas do aplicativo. Ademais, devido ao painel de controle contido na plataforma - atualizando em tempo real as estatísticas da campanha de vacinação - os voluntários podiam verificar as informações relativas ao total de imunizados, as doses aplicadas e os dados já sincronizados. Com a possibilidade de correção dos dados do paciente, as informações registradas tornam-se mais precisas. Considerações finais: Diante do exposto, torna-se perceptível a necessidade da implementação de tecnologias no cenário da campanha de vacinação nacional como forma de agilizar e facilitar o processo de trabalho. O uso dessa ferramenta trouxe benefícios tanto para o profissional, que vacinava mais pessoas em um único dia, quanto para o paciente, que esperou menos tempo para ser vacinado. Entretanto, entende-se que a necessidade constante de conexão à internet foi um limitador em regiões mais carentes e com dificuldade de sinal. Por fim, evidencia-se também a importância desse recurso para realizar o monitoramento e a espacialização dos dados epidemiológicos, servindo de insumo para a produção científica pelos acadêmicos e retorno à sociedade.