Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A produção do cuidado em saúde mental no âmbito da atenção primária à saúde a partir da percepção dos agentes comunitários de saúde
AMANDA CARLA SILVA CAVALCANTI, Maria Eduarda da Silva Matos, Ana Kalliny Severo

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


Apresentação: A Atenção Primária à Saúde se constitui como porta de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS) e tem a saúde mental como uma demanda presente no cotidiano desse serviço. Nesse sentido, usuários com consumo prejudicial de substâncias psicoativas aparecem nessa demanda, sendo necessário compreender de que modo tem se dado a oferta do cuidado na APS na contemporaneidade e se este está sintonizado com os princípios da universalidade, integralidade e equidade preconizados pelo SUS e na Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB). Os Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) são uma ponte fundamental para contribuir com esse cuidado, pois além de morar na comunidade, são profissionais que também atuam no mesmo território e por sua vez, estabelecem vínculos diretos com as pessoas. Em razão disso, a pesquisa teve o objetivo de compreender como os ACSs ofertam cuidados aos usuários que fazem uso prejudicial de substâncias psicoativas. Ademais, este estudo é um recorte de uma pesquisa mais ampla que analisa a percepção no cuidado psicossocial dos usuários de substâncias psicoativas pelos agentes comunitários de saúde em Santa Cruz no estado do Rio Grande do Norte. Optou-se pela pesquisa-intervenção, de abordagem qualitativa, a partir do referencial teórico metodológico da Análise Institucional. Os dados foram produzidos a partir de três instrumentos: roda de conversa, entrevistas individuais e diário de pesquisa. Como resultados percebidos na pesquisa, foi constatada baixa procura na Unidade Básica de Saúde pelos usuários de substâncias psicoativas; desconhecimento das estratégias de redução de danos; valorização do modelo biomédico e da medicalização; internação nas comunidades terapêuticas como uma das melhores possibilidades de cuidado; ausência de matriciamento; baixo planejamento na oferta singular do cuidado; pouca abrangência na articulação intersetorial; valorização de propostas educativas nas escolas abordando a questão das drogas com o Programa Saúde na Escola; necessidade de articulação com o Centro de Referência em Assistência Social. Considerações finais: Desta forma, observa-se que a vertente do modelo asilar, conservador é instituído na perspectiva dos profissionais o que coaduna com pensamentos que ainda são presentes na contemporaneidade, mesmo com os avanços da RPB. Assim, esse debate se torna fundamental para compreender a partir do olhar dos ACS as peculiaridades no contexto da APS e fortalecer, sobretudo, a construção de um cuidado territorial, humanizado, integral, intersetorial e pautado na Redução de Danos.