Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Reflexões sobre a aplicabilidade do modelo clínico na educação e na promoção em saúde e na adesão ao plano terapêutico a partir da atuação médico-paciente
Nathalia Camilla Maciel Jenkins, Hilda Maria Pinheiro Amorim, Francisco José Leal de Vasconcelos, Luiz José de Lima Neto

Última alteração: 2022-02-04

Resumo


Introdução: O “Modelo convencional” da saúde buscou amparo no processo doença, sem levar em consideração a contextualização de vida do paciente e excluindo seus comportamentos e sua realidade psicossocial. Considerando as críticas concernentes às limitações desse modelo, surgiu a proposta de pensar os meandros das ações e serviços de saúde a partir das necessidades da pessoa, ou seja, o foco da atenção à saúde passou a ser centrado no sujeito e não somente na doença. Essa reinvenção pode ainda ser aperfeiçoada quando se passou a observar que a relação médico-paciente também era um componente importante nesse novo modelo de atenção e que a relação verticalizada entre profissional e paciente precisava ser repensada. Essa nova ideia de cuidado em saúde fez nascer o Modelo clínico centrado na pessoa, o qual transpõe a dimensão técnico-científica e representa um encontro profundo entre médico e paciente. Esse novo modelo corresponde a uma proposta de cuidado integral por meio da qual o profissional médico compartilha poder e abre espaço para as tomadas de decisão junto com o paciente; sempre aplicando o olhar humanizado e almejando o bem-estar físico e mental dos sujeitos. A relação médico-paciente é um tema que vem ganhando espaço na literatura brasileira tendo em vista sua capacidade indutora de gerar reflexões e mudanças comportamentais no âmbito das interações sociais e profissionais. Em tempos pretéritos, o médico era visto como detentor supremo do poder, a partir do conhecimento que detinha, entretanto, a figura paternalista desse profissional da saúde vem se distanciando, aos poucos, daquele “ser” que detém a última palavra. Atualmente, os pacientes, respaldados na legislação, têm se encontrado cada vez mais envoltos em uma rede de dados e informações públicas e acessíveis que podem guiá-los em direção a processos educativos com capacidade para emponderá-los, o que pode estimular uma maior participação na hora do atendimento de saúde. Noutro azo, os médicos, também expostos a essa rede de dados e informações e instados a desenvolver competências e habilidades a partir de novas diretrizes curriculares, passaram a ter acesso a um maior volume de informações durante a graduação em uma educação voltada para o manejo de decisões e o respeito à autonomia do paciente. No âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS, é possível constatar os avanços conquistados na dimensão do cuidado – fruto de constantes lutas em torno da universalidade do acesso à saúde –, o que representa, na prática, que a quase totalidade de brasileiros, de forma direta e indireta, se beneficiam desse sistema público de saúde, seja com a cura, alívio de dores, promoção à saúde ou prevenção de doenças. Esse fato, relacionado a realidade sociocultural do país, evidencia a necessidade de maior investimento em educação e em promoção da saúde, visto que estes são componentes com potencial de alcançar a coletividade. Objetivo: Identificar as conexões entre o método clínico e as práticas de educação e promoção da saúde com foco na relação médico-paciente no âmbito do SUS. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, por meio da qual se buscou, nas bases de dados da SciELO, artigos específicos que permitissem uma aproximação com o objeto em estudo. Como forma de refinar a busca, foram selecionados materiais publicados nos últimos 5 anos, na intenção de encontrar trabalhos em contextos mais atuais, assim como foram usados como critérios de seleção: textos completos, publicados em língua portuguesa e com os descritores Relações Médico-paciente, Planejamento de Assistência ao Paciente. Ao final, após exclusão dos artigos duplicados, encontraram-se 3 artigos, os quais subsidiaram o presente estudo. Resultados e Discussão: Constatou-se uma notória busca pelo entendimento da relação médico-paciente e os achados pertinentes com o método clínico. Para tanto, identificaram-se 6 componentes que dinamizam o indivíduo na busca de um efetivo diagnóstico e plano de tratamento. O primeiro analisa a doença e emerge no mundo do paciente para entender o processo de como é estar doente, além de se basear em seus exames e históricos médicos. No segundo quesito, há uma união em entender o processo da enfermidade e toda a vida do paciente, buscando entender de uma forma abrangente como é a vivência desse paciente. Já no terceiro quesito, tem-se a criação de ideias conjuntas entre médico e paciente com vistas a formular soluções frente aos problemas apresentados, delimitando deveres que irão ser assumidos por ambos. No quarto quesito entra o importantíssimo papel educacional relacionado ao paciente junto a promoção e prevenção de saúde.  Destaca-se também a importância da comunicação no asseguramento e acolhimento do paciente relacionado ao médico, fator comunicador sendo fundamental para uma melhora na adesão do tratamento terapêutico. Nesse próximo elemento se enfatiza o quão importante é a empatia, o compartilhamento de poder, a compaixão, para um melhor processo de tratamento e cura. Por último, o sexto elemento mostra a importante coerência e união entre o médico e todos os outros profissionais de saúde que os rodeiam, incluindo aos processos administrativos de saúde, que sem o trabalho coletivo, o médico tem uma relação com o paciente de fácil desestabilização. Os 6 elementos descritos acima, servem de base para o entendimento e a vinculação com temas que perpassam a humanização no tratamento ao paciente e a necessidade de um sistema de saúde universal capaz de alcançar toda a sociedade. Os três primeiros pontos se juntam em um grupo que abrange a necessidade ímpar da construção de uma relação entre o médico e o paciente que seja centrada na comunicação, no respeito e na autonomia do paciente, relação tal que o médico tem, através de recomendação do Conselho Federal de Medicina, a responsabilidade de construir com o paciente. O quarto ponto se volta para questões prezadas pelo SUS e que visam o bem-estar, não apenas individual, mas abrange o coletivo, que se torna um elemento fundamental para a construção de uma sociedade civilizada, saudável e sustentável, que são: a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Ainda no quarto, o quinto e o sexto pontos continuam a ênfase na relação bem estabelecida do médico com o paciente, mas também na construção de um ambiente harmonioso entre a equipe de trabalho, visando estabelecer vínculos mais estáveis com o paciente. Com tal segurança, respaldadas nesses achados, o paciente se sente mais seguro, acolhido e confiante para participar da tomada de decisões e aderir de forma mais eficaz ao plano de tratamento escolhido para si. Considerações finais: Deste modo, é possível inferir que o modelo clínico centrado no paciente é de fundamental importância para a saúde da coletividade, sobretudo porque tem potencial para orientar novas práticas de atenção à saúde. A educação e a promoção da saúde compõem o rol dessas novas atividades em saúde no âmbito do SUS, principalmente devido as suas capacidades de fomentar estilos de vida que promovam e protejam a saúde da população. Por fim, se faz importante a necessidade de aprofundar e refinar o estudo sobre esse objeto visando a ampliação do conhecimento sobre o tema, de forma que a informação alcance patamares capazes de trazer significativas mudanças positivas na saúde da sociedade.

Palavras-chave: Relações médico paciente; Modelo Clínico; SUS.