Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Projeto Terapêutico Singular aplicado à População em Situação de Rua com Tuberculose: Relato de Experiência a partir da Prática da Equipe de Consultório na Rua no Município do Rio de Janeiro
Aline Azevedo Vidal, Karla Santa Cruz Coelho

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


 

RESUMO

Introdução: O processo de trabalho do CnaR tem como “pedra angular” a efetivação dos princípios do SUS, onde os três planos fundamentais de atuação da gestão e da produção do cuidado são: a rua, as unidades básicas de saúde e as redes de atenção à saúde. A construção de um Projeto Terapêutico Singular (PTS) relacionado a casos de Tuberculose na rua, faz-se necessário problematizar alguns pontos sobre estratégias de cuidado já consolidadas na Atenção Básica. A implementação do Tratamento Diretamente Observado (TDO) pode se beneficiar da construção do PTS como uma ação de fortalecimento da adesão ao tratamento. O PTS contempla a organização do cuidado por equipe multidisciplinar e pressupõe a inclusão do suporte familiar e as redes de apoio do indivíduo em tratamento. É um dispositivo de cuidado que deve ser acionado nas situações mais complexas de adoecimento, que no caso da TB são bastante recorrentes. Objetivo: Discutir como o Consultório na Rua utiliza-se do PTS para melhorar o cuidado à população em situação de rua com tuberculose, visando adesão ao tratamento frente as particularidades da população em questão. Método: Trata-se de um estudo descritivo, construído com abordagem qualitativa, a partir da experiência junto a uma equipe do Consultório na Rua no Município do Rio de Janeiro. Resultados: Entende-se que estar no território é fundamental, mas não é suficiente, além da tarefa de estar no território e se construir pelo território da rua, a clínica no território tem que ser também uma clínica de rua, desta forma, é preciso estar no território, ser gerada pelo território e fazer do território vetor de cuidado o que implica na construção de um PTS compartilhado e flexível. Se faz necessário a manutenção de entrevistas motivacionais, abordagem frequente mesmo que não relacionada ao TDO; condução do caso pautado em cuidados relacionais para a criação de redes vivas de existência; possibilidade real de formação de vínculo, permitindo a produção de projetos de cuidado compartilhados, portanto, com mais sentido para a vida do usuário em tratamento; ações necessárias para atender as necessidades dos usuários; valorização do saber do outro sobre a sua própria existência e construção de rede de cuidado para intervenções orientadas por uma história social da doença favorecendo o apoio articulado com capacidade de acolhimento, diálogo e compartilhamento de ações. Conclusão: A população em situação de rua encontra-se classificada dentro do grupo das populações vulneráveis para tuberculose. Considerando que os casos atendidos necessitam de um manejo do cuidado diferenciado, o PTS é realizado com muito maior frequência, dado que algumas situações são muito críticas e demandam um plano de ação pactuado entre a equipe e o usuário.  A complexidade do trabalho das eCR sugere a adoção de modelos centrados em uma visão ampliada de cuidado, considerando as singularidades das pessoas, suas necessidades e contextos de vida, desta forma, o PTS organiza e qualifica o cuidado ampliado, abrangendo as singularidades do sujeito e a complexidade de cada caso.

 

Descritores: Tuberculose, Projeto Terapêutico Singular, Pessoa em Situação de Rua.