O termo “transtorno esquizoafetivo” foi disseminado por Jacob Kasanin, em 1933, para denominar um cenário em que houvesse tanto sintomas de esquizofrenia quanto sintomas de transtornos do humor, apresentando sintomas psicóticos, sintomas negativos e déficit cognitivo na mesma intensidade ou inferior a pacientes com esquizofrenia, e sintomas afetivos de intensidade igual ou inferior a pacientes efetivamente diagnosticados com transtornos do humor.  Enquanto isso, a síndrome de Capgras é caracterizada pela convicção errônea e delirante de que um ou mais familiares ou amigos próximos foram substituídos por um ‘’impostor'', sendo este fisicamente idêntico e reconhecível como o ‘’original’’, tanto por aparência como por nome, mas psicologicamente diferente. Os autores aqui relatam o caso de JNR, paciente de 51 anos ao início do tratamento, atendida em setting de CAPS e que apresentava esta rara condição, em que acreditava que seu marido havia sido substituído por um sósia em uma conspiração conduzida por suas irmãs, além de outras características psicóticas e maníacas, como delírios de grandeza e hipersexualidade expressa através de delírios em que era uma garota de programa contratada por pessoas importantes. Através do uso de do carbonato de lítio em sua capacidade estabilizadora do humor conseguiu-se parcial melhora no estado da paciente, que se mostrou mais estável, ao mesmo tempo que o delírio de Capgras se provou refratário a diversas linhas de tratamento antipsicóticas, tais como haloperidol e risperidona. Ao fim do período do relato, a paciente continuava em acompanhamento por tempo indeterminado com a consideração da introdução de nova medicação antipsicótica, dessa vez de alto custo, tal qual a clozapina.