Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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COVID 19: MEDOS E DESAFIOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DIANTE DA PANDEMIA
Aclênia Maria Nascimento Ribeiro, Gabriela Oliveira Parentes da Costa, Adriana de Medeiros Santos, Maryanne Marques de Sousa, Yara Maria Rêgo Leite, Nayara Vanele Ribeiro Pinto, Luzia Fernandes Dias

Última alteração: 2022-02-02

Resumo


1. INTRODUÇÃO

A pandemia da COVID-19 causada pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2) é o assunto mais discutido nos dias de hoje, seja no imaginário popular, nos veículos de mídia ou nas páginas da literatura científica. Esta realidade é decorrente do medo, da incerteza e, principalmente, do desconhecimento sobre o comportamento da doença.

A COVID-19 é uma importante crise de saúde pública que ameaça a humanidade neste momento. Até meados de maio de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou mais de 4.307.000 casos e 295 mil mortes no planeta, cujos números não param de subir. O Brasil, até o mesmo período, contabilizou mais de 202 mil casos, com uma taxa de letalidade de 6,9%, ocupando a sexta posição entre os países em relação ao número de óbitos.

Pela sua rapidez de disseminação e aumento exponencial de contágio, a OMS declarou oficialmente a pandemia COVID-19 como uma emergência de saúde pública, de interesse internacional. Esta situação colocou em crise a saúde pública e houve necessidade de planejamento de ações voltadas ao enfrentamento, a nível mundial.

Um dos grupos de maior risco de contrair a doença é aquele que está em contato direto com pessoas infectadas e/ou profissionais de saúde que cuidam diretamente dos pacientes com COVID-19. Proteger estes profissionais de saúde é de suma importância para a OMS, tendo em vista que esse cenário, inevitavelmente, coloca os profissionais de saúde em alto risco para contrair a infecção. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo, identificar os medos e desafios dos profissionais de saúde diante desse cenário de pandemia da COVID-19, no contexto hospitalar.

2. MÉTODO

O estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada a partir da seguinte questão norteadora: Quais os medos e desafios dos profissionais de saúde que atuam no contexto hospitalar, diante desse cenário de pandemia da COVID-19?

A questão norteadora foi elaborada de acordo com a estratégia PICo (P – paciente; I – interesse; Co – contexto). Assim, considerou-se: P – profissionais de saúde; I – medos e desafios; Co – pandemia da COVID-19.

A coleta de dados foi realizada no mês de novembro de 2020 nas bases de dados: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE (National Library of Medicine), e SCIELO (ScidentificEletrônic Library Online), através de acessos online.

Os critérios de inclusão foram artigos completos e disponíveis na íntegra nas bases de dados selecionadas, de forma gratuita e publicados no período de 2019 a 2020. E os critérios de exclusão foram artigos duplicados e que não foram pertinentes à pergunta norteadora.

Foram encontrados nas bases de dados um somatório de 85 artigos. Após o levantamento das publicações, os resumos foram lidos e analisados segundo os critérios de inclusão e exclusão preestabelecidos, chegando a uma amostra final de 10 artigos.

 

3. RESULTADOS

Após a busca, seguiu-se com a identificação dos artigos, onde se observou que todos os estudos selecionados foram publicados no ano de 2020. Em relação aos periódicos, os resultados mostraram que a maioria, correspondendo a 30%, foram publicados no periódico Research, Society and Development.

Os autores demonstraram que a situação de emergência em saúde pública declarada a nível mundial trouxe à tona alguns aspectos como: situações insalubres de trabalho, déficit de profissionais e escassez de materiais, a baixa adesão aos protocolos e recomendações que envolvem a segurança do paciente, descaso por parte dos gestores em garantir melhores condições de trabalho e assegurar cuidados de qualidade e isento de danos à população assistida.

Esses aspectos, somado ao medo do desconhecido e os desafios diários a que são expostos, acarretam um cenário de medo e desafios nos profissionais de saúde, especialmente naqueles que atuam na linha de frente de atendimento aos pacientes vítimas da COVID-19.

O colaborador da saúde, neste tempo de incertezas, permanece em estado de alerta frequente em que o abalo emocional, o estresse de realizar procedimentos em pacientes suspeitos ou reatores ao Coronavírus, com a sensação de não estar atuando com técnicas de biossegurança, coloca-o em condição de vida laboral normal em situação anormal.

Assim sendo, para atuar frente ao medo relatado pelos profissionais, devido à grande possibilidade de contaminação, são essenciais os treinamentos constantes quanto às precauções-padrão, bem como a provisão de insumos, visando ao reconhecimento dos perigos e à aquisição de comportamento seguro.

Em ambientes afetados, a fragilidade a que estão expostos esses profissionais, aumenta consideravelmente, incluindo uma série de desafios de caráter físico e emocional, ocasionado pelo aumento da carga de trabalho, pela complexidade do cuidado e por ter que lidar com o adoecimento e morte de colegas, além do medo que se instala por estar na linha de frente e conviver com o perigo eminente.

Em um estudo foi verificado que alguns dos desafios da pandemia têm sido as adequações da rotina do trabalho, que exigem, mais do que nunca, que os profissionais de saúde atendam seus pacientes com eficiência, qualidade e segurança. Como ainda não há vacinas ou remédios eficazes, os principais meios de evitar o contágio têm sido a constante higiene das mãos, o uso ininterrupto de equipamentos de proteção individua (EPIs) e a realização de testes para verificação da contaminação.

Considerando esses desafios, uma pesquisa realizada com profissionais de enfermagem, observou que foram referidos pelos profissionais entrevistados, os seguintes desafios:  falta de EPIs, treinamentos, testes diagnósticos e conhecimentos/ informações relacionados à doença, bem como o número reduzido dos profissionais de Enfermagem e a desvalorização da categoria, apontando a premência de orientações e treinamentos específicos.

Portanto, a adaptação dos profissionais frente à COVID-19 tem gerado drásticas mudanças no âmbito de trabalho, podendo ser vista como um dos principais desafios enfrentados em meio à pandemia. Tal adaptação implica justamente em medo, exaustão, tensão, desgaste e estresse, mediante a possibilidade de contágio/infecção e de morte provocados pelo novo Coronavírus.

Assim, é importante ressaltar que diante da pandemia deste vírus, o empregador deve tomar todas as precauções para preservar a saúde de seus empregados e a legislação trabalhista assegura o direito do empregado se recusar a trabalhar, sem prejuízo do seu salário, quando houver risco grave e iminente a sua saúde. Portanto, a segurança dos trabalhadores é uma questão que perpassa pela ética e pela responsabilidade institucional e profissional dos que cuidam da saúde dos cidadãos e da sociedade.

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O estudo evidenciou que esse cenário de pandemia, somado ao medo do desconhecido e os desafios diários a que são expostos, acarretou um cenário de medo e desafios nos profissionais de saúde, especialmente naqueles que atuam na linha de frente de atendimento aos pacientes vítimas da COVID-19.

Assim, diante desse contexto, espera-se que o estudo possa contribuir, de algum modo, com reflexões a respeito dos desafios enfrentados por esses trabalhadores, tornando-se, também, um momento para se refletir sobre o se seus medos e incertezas, enfatizando a necessidade de implementação de medidas de segurança pautadas pela ciência para que favorecem a redução de impactos negativos nesses profissionais de saúde.