Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O TRABALHO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO À SAÚDE MENTAL DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO NO CONTEXTO DA PANDEMIA POR COVID-19: (IN)DEPENDÊNCIA DA SAÚDE?
Rayana Gonçalves de Brito, Denise Machado Duran Gutierrez

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


Introdução: A partir do momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 2020, a situação de pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-COV-2), o mundo deparou-se com um assustador desafio no cuidado redobrado à saúde, sem precedentes. Desde então, as equipes de saúde precisaram ampliar, de modo geral, de maneira muito rápida, as práticas assistenciais, principalmente para as populações mais vulneráveis, incluindo a de idosos institucionalizados. Objetivo: Identificar as características do trabalho e os principais desafios da equipe multidisciplinar na rotina de cuidados à saúde mental do idoso institucionalizado durante a pandemia por COVID-19 no Brasil. Metodologia: Trata-se de um estudo bibliográfico, baseado em 48 artigos científicos encontrados nas bases de dados SCIELO, BVS e LILACS, no período de 2019 a 2021, com os seguintes descritores: “Assistência Integral à Saúde”, “Idoso Fragilizado”, “COVID-19”, “Serviços de Saúde para Idosos” e “Assistência à Saúde Mental”. Resultados: Evidenciou-se que houve piora no quadro de saúde geral dos idosos durante a pandemia (32%). As doenças crônicas preexistentes os deixaram mais debilitados associada com quadros depressivos (33,6%), solidão (48,3%), tristeza (46,8%) e angústia (28,1%). O trabalho da equipe de saúde priorizou terapêuticas de entretenimento de estímulo psíquico através da música (88%), dança (78%), teatro (36%), jogos (96%), atividades físicas (72%) e outros tipos de arte (56%) foram intensificadas durante a pandemia, assim como o auxílio médico e psicológico. Discussão: Os agentes de saúde buscaram priorizar o autocuidado por parte dos próprios idosos e o “Autocuidado Apoiado”, auxiliado pelos servidores de saúde. Apesar do distanciamento social ter potencializado a sensação de abandono e o medo da morte iminente, medidas terapêuticas como dinâmicas, exposição de artes, musicoterapia e jogos, auxiliaram para reduzir os impactos negativos causados pela pandemia. Considerações finais: Os profissionais que atuam nas instituições que prestam cuidados aos idosos, precisaram adaptar e otimizar os serviços prestados durante a pandemia. Ações educativas, de socialização e reabilitação, incluindo anciãos com grau de dependência, foram essenciais para a promoção/preservação da saúde mental.

Palavras-chave: Assistência Integral à Saúde, Idoso Fragilizado, COVID-19, Serviços de Saúde para Idosos, Assistência à Saúde Mental.

INTRODUÇÃO

A população mundial, desde quando foi decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-COV-2), no início de 2020, deparou-se com um cenário de saúde avassalador jamais vivido antes.

Imediatamente, enquanto os pesquisadores pelo mundo corriam contra o tempo em busca da vacina contra esse novo vírus mortal, na outra ponta, as equipes de saúde se desdobravam para criar meios para preservar a saúde física e principalmente mental das pessoas mais vulneráveis à essa doença e, dentre estes, destacou-se a população idosa.

Ao longo do ano de 2020 e 2021, vários estudos já apontavam que, mundialmente, estava ocorrendo um número exorbitante de óbitos de pessoas idosas, ainda não imunizadas. Nesse contexto de caos, a saúde desses indivíduos que por si só já é fisiologicamente fragilizada com o avançar da própria idade, foi agravando-se à medida em que a COVID-19 avançada e tornava-se potencialmente letal também dentro dos centros de cuidado ao idoso, como as instituições de longa permanência, casas de repouso, dentre outros. Uma vez que a aglomeração de pessoas em locais fechados, com precárias medidas de segurança na prevenção contra o vírus, facilita a disseminação do SARS-COV-2.

Diante desse cenário, os profissionais de saúde tiveram que redobrar os cuidados à saúde dessa população, na mesma proporção em que a doença tomava magnitudes descontroladas. Com isso, os sentimentos negativos, a sensação de abandono, angústia, perdas de idosos do mesmo convívio, limitações e o próprio isolamento/distanciamento social e familiar obrigatório, fez com o número de quadros depressivos entre eles aumentasse cada vez mais.

Portanto, o objetivo deste estudo foi identificar as características do trabalho e os principais desafios da equipe multidisciplinar na rotina de cuidados à saúde mental do idoso institucionalizado durante a pandemia por COVID-19 no Brasil.

METODOLOGIA

Este estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica de artigos científicos encontrados nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), no período de 2019 a 2021, com os seguintes descritores: “Assistência Integral à Saúde”, “Idoso Fragilizado”, “COVID-19”, “Serviços de Saúde para Idosos”, “Assistência à Saúde Mental”.

Foram selecionados 48 artigos a partir da busca avançada, no idioma português. Exclui-se publicações incompletas, duplicadas e de língua não-vernácula.

RESULTADOS

Com base nos artigos analisados, evidenciou-se que houve piora no quadro de saúde geral dos idosos durante a pandemia (32%). O surgimento de quadros depressivos (33,6%), solidão (48,3%), tristeza (46,8%) e angústia (28,1%) foram destacados nos estudos científicos; além de outros transtornos psíquicos (51,1%) na maioria dos casos.

Por outro lado, as equipes buscaram manter as medidas de socialização, procurando obedecer aos protocolos institucionais de orientação à segurança. O “Autocuidado Apoiado” foi o mais importante método adotado para integridade física e mental, nesse sentido, o ambiente de convivência foi adaptado para permanecer com os eventos lúdicos apenas internos, e com número reduzido de pessoas envolvidas.

O entretenimento através da música (88%), dança (78%), teatro (36%), jogos (96%), atividades físicas (72%) e outros tipos de arte (56%) foram preservadas durante a pandemia, assim como um maior auxílio médico e psicológico.

DISCUSSÃO

O medo da morte por causa da COVID-19 ficou evidenciado na rotina de cuidados dos colaboradores de saúde, além de maiores riscos de tentativas de suicídio, isolamento social e/ou familiar, sensação de abandono e traumas. Diante desse cenário, dentre as principais condutas adotadas e/ou otimizadas foram a prioridade da aplicação de dinâmicas em grupos menores e/ou individualizadas, por meio da exposição de artes, corte/costura e musicoterapia, por exemplo, que muito auxiliaram para reduzir os impactos negativos psíquicos do isolamento social obrigatório.

A intensificação de tais medidas evidencia o empenho desses trabalhadores para cuidar da integridade mental do idoso, assim como orientá-los ainda mais quanto a importância da independência, preservação/continuidade do autocuidado diário e do chamado “autocuidado apoiado”, cuja supervisão e organização é realizada pela equipe multidisciplinar de saúde, com objetivo principal de auxiliar no aperfeiçoamento  do idoso com seu próprio autocuidado, pois percebeu-se tal desafio no processo de ressignificação da assistência à saúde da pessoa idosa durante a pandemia e, consequentemente, na necessidade momentânea do distanciamento social de familiares e amigos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para os profissionais de saúde, o distanciamento social não deve significar o isolamento social, de fato, pois com as devidas medidas de segurança sendo implementadas e orientadas/supervisionadas de maneira correta, não implica que o idoso deixe de viver e/ou conviver socialmente. Além disso, é fundamental para a manter uma qualidade de vida biopsicossocial mais saudável.

Tais profissionais de saúde que atuam nas instituições que prestam cuidados aos idosos, durante a pandemia, precisaram adaptar e otimizar os serviços prestados, uma vez que a debilidade física e mental dessa população é algo peculiar da idade avançada e deve ser cuidadosamente ainda melhor tradada e acompanhada.

Ações educativas, de socialização e reabilitação, incluindo anciãos com grau de dependência, foram essenciais para a promoção da saúde mental, preservando a autonomia, empatia, afeto, confiança e promover um convívio mais saudável.