Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Tecendo saberes e compartilhando experiências a partir do conceito ampliado de saúde.
Roberta Nobre da Silva, Vania Alves de Araújo, Rany Uchôa Martins, Gissely Maria Ribeiro de Souza

Última alteração: 2022-02-05

Resumo


Este resumo trata de um relato de experiência de profissionais residentes de saúde da família e saúde coletiva do município de Guaiuba/CE vinculados(as) à Escola de Saúde Pública do Ceará, que durante os anos de 2019 e 2020, desenvolveram um grupo comunitário com o objetivo de promover espaços de fomento à autonomia, autoconhecimento e autocuidado da população. O projeto contou com profissionais da enfermagem, nutrição, fisioterapia, serviço social e psicologia, com atuação interdisciplinar, sendo as participantes, em sua maioria, mulheres idosas. Os encontros ocorriam semanalmente, utilizando metodologias ativas e técnicas de dinâmicas grupais para facilitar a fala e expressão dos participantes. Em um dado encontro, foi decidido trabalhar com o tema autoconhecimento e para isso utilizamos um diagrama relativo aos interesses e emoções das participantes do grupo. Tratava-se de um mural construído coletivamente onde eram dispostas as expectativas, medos, angústias e alegrias, com a finalidade de compreender aquilo que as agrada ou não e avaliar como estão suas escolhas e ações.  Diante da dinâmica, sobressaíram relatos sobre a infância e juventude marcadas pelo autoritarismo dos pais, pela imposição de obediência aos maridos e pela cultura machista, além de relatos sobre julgamentos que são vividos cotidianamente pelo fato de serem mulheres idosas, ativas e independentes. Refletimos junto com as participantes, com base no conceito ampliado de saúde definido pela OMS como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”, sobre como o machismo está enraizado no nosso próprio pensamento, impedindo-nos, muitas vezes, de exercermos a nossa liberdade enquanto mulheres. Dentre as falas, citaram: “Eu não aproveitei nada na minha juventude e esse é o momento de recuperar”, dentre outras diversas falas. Constatamos que momentos como este produzem reflexões que podem aliviar o sofrimento e a culpa que são carregadas durante toda uma vida, trazendo a essas mulheres o olhar mais amplo e produzir um pensamento crítico. É disso que se trata o fazer saúde na comunidade, que não se reduz ao atendimento e assistencialismo, mas sim promove espaços de escuta e acolhimento que fortalecem vínculos, ampliam o cuidado e reduzem as iniquidades em saúde.