Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Residências profissionais e territórios de encontros na ESF: tem sido possível aprender na rua?
Mariana Fonseca Paes, Rosemarie Andreazza

Última alteração: 2022-02-02

Resumo


O trabalho apresenta algumas discussões iniciais relativas a uma pesquisa de doutorado em andamento, para compreender os “afetamentos” da relação dos estudantes com as diversidades territoriais nos processos de formação profissional na área da saúde. Seria esse processo então fundamental para uma formação crítico-reflexiva dos profissionais de saúde? Existem aprendizados que apenas acontecem quando os estudantes estão na rua pois não seria possível aprender em outro lugar? 

Foi partindo desses questionamentos que temos nos dedicado na pesquisa, a compreender e descrever lacunas entre as diferentes concepções e relações com os territórios nas práticas pedagógicas e de cuidado no SUS.

Desenvolvimento do trabalho:

Para realizar este estudo optamos por uma abordagem qualitativa de pesquisa, por basear-se na premissa de que construir conhecimentos sobre os indivíduos e suas formas de relacionamento são possíveis a partir da descrição da experiência humana, tal como ela é vivida. Na etapa atual, estamos na análise das entrevistas realizadas com os onze residentes (multiprofissionais e médicos da saúde da família e comunidade) com a intensão de identificar percepções que evidenciem as relações cotidianas do encontro entre os que moram, os que moram/estudam, os que trabalham e os que estudam/trabalham nos territórios.

Resultados:

Até o momento foi possível perceber uma restrição maior na atuação dos residentes dentro do contexto territorial mais ampliado. Dentro do horário de trabalho, o residente se relaciona com a vida do território apenas durante as visitas domiciliares. Não há espaço na agenda para outras ações, principalmente por conta das metas de consultas.

Pela influencia da pandemia, com o agravamento das restrições, por exemplo não houve realização de vivências de territorialização, grupos de atividades educativas, etc. É possível perceber nitidamente a frustração na fala do residente entrevistado:

“Foi um pouco frustrante por conta da pandemia. Acho que ficamos muito limitados, muito limitados, em muitas coisas, muitos sentidos, não só nessa interlocução com o território e seus diversos atravessamentos. Toda ação que precisamos propor vivemos em função do COVID, fazendo monitoramento, superambulatorial, queixa conduta, tudo isso que nós não acreditamos (...) Sempre que eu passava do lado de um posto eu pensava que era meu sonho trabalhar em um. Eu estava querendo muito isso, desejando muito. Quando eu entrei na residência, foi um grande balde de água fria, porque o que a gente conseguiu de fato fazer? Hoje estamos conseguindo fazer grupos.”

Há poucos espaços reflexivos no currículo que possam dialogar sobre sua especialidade e a atuação territorial no cuidado em saúde. Os entrevistados relataram diálogos com equipes e preceptoria em algumas unidades de saúde, e apenas uma discussão no início do curso.

Considerações finais

Tendo sido finalizada a etapa de entrevistas, consideramos a proposta de um espaço técnico-pedagógico de diálogo com os residentes sobre seus olhares para o território. Partiremos da perspectiva da narratividade, para propiciar espaço de diálogo mensal com os residentes nas situações de encontro com os usuários e a vida no território. Por hora seguiremos aprendendo, e que seja possível novos encontros formativos no e para o SUS.