Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-10
Resumo
De acordo com o artigo 196 da Constituição Federal de 88, a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Tal artigo estabelece amplo acesso às ações e aos serviços de saúde, sem restrições de origem, raça, gênero, classe, religião ou qualquer outra forma de discriminação. Atualmente, o preconceito e a discriminação referentes a sexuliadade são considerados determinantes de saúde, visto que, provocam barreiras de acessibilidade, reafirmando a vulnerabilidade da comunidade LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e mais) e influenciando na qualidade da atenção (podendo desencadear sofrimento, adoecimento e morte prematura por parte desse público). O profissional de Enfermagem no seu ato de cuidar estabelece um contato íntimo com o paciente, adentrando em suas dores e sentimentos, o que exige um atendimento acolhedor, humanizado, livre de qualquer discriminação, com direito a privacidade e autonomia , independente da orientação sexual ou identidade de gênero. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é analisar o papel da Enfermagem na atenção integral ao público LGBTQIA+, evidenciando dificuldades enfrentadas em dias atuais.
Trata-se de uma revisão integrativa, na qual foi realizada em janeiro de 2022. A busca dos artigos ocorreu por meio da base de dados Biblioteca Virtual, utilizando os descritores: Atenção à saúde AND Enfermagem AND Pessoas LGBTQIA+. Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos foram: texto completo, em português, publicados nos últimos 5 anos..
A princípio, foram identificados 12 artigos na Biblioteca Virtual em Saúde e após aplicar os critérios de inclusão, dez estudos compuseram a amostra final da revisão. A partir da análise dos artigos, pode-se observar que a implementação de políticas públicas específicas para a promoção da saúde, garantindo um completo bem-estar biopsicossocial e a redução da homofobia nos cenários sociais e de saúde, é de extrema necessidade ao considerar as vulnerabilidades vivenciadas pela comunidade (principalmente na fase da adolescência) e que estão atreladas ao preconceito e a intimidação, práticas antiéticas por parte dos profissionais de saúde despreparados, à omissão de direitos, ao estigma social, à invisibilidade e à falta de acessibilidade aos serviços de saúde. Logo, a Enfermagem exerce papéis cruciais na prevenção e promoção de saúde da comunidade LGBTQIA+, ao proporcionar um ambiente acolhedor e abordar questões sobre a sexualidade, o estilo de vida, a relação sexual segura e as possíveis IST’s. Ressalta-se, ainda, que a Enfermagem deve, por meio da educação em saúde, abordar sobre o uso do preservativo e como adaptá-lo, relatar sobre a importância da higiene corporal e de objetos de penetração, de modo a evitar lesões e a transmissão ou contaminação. Postula-se, além disso, que os profissionais devem aconselhar a realização dos testes rápidos para HIV, hepatites virais e sífilis.
Considerou-se que na tentativa de alinhar o cuidado, a equipe de saúde ainda tende a desenvolver práticas assistenciais padronizadas, de acordo com protocolos heterossexuais enraizados na sociedade. Espera-se que ocorra maiores mudanças no processo de trabalho dos profissionais enfermeiros a fim de desenvolver os princípios de igualdade, inclusão e respeito pela diversidade.