Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Pandemia e Saúde Mental de Profissionais da Atenção Primária à Saúde no Pará
Ana Beatriz Pantoja Rosa de Moraes, Eric Campos Alvarenga, Tawane Tayla Rocha Cavalcante, Lana Yasmin Leal da Silva, Rosylene Mara de Oliveira Vargas, Elon Souza, Marcela Vieira Moraes de Paula

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada da comunidade aos serviços de saúde ofertados pelo Estado, responsável pelo cuidado integral e contínuo da população dentro de um território. No entanto, este nível de atenção vem sofrendo com a precarização das condições e organizações de trabalho, o que piorou no contexto pandêmico da COVID-19. Partindo de um viés da Psicodinâmica do Trabalho, esse artigo propõe-se realizar uma análise das relações de sofrimento psíquico, organizações e condições de trabalho e reconhecimento dos trabalhadores e trabalhadoras na atenção básica. Nesse âmbito, esse estudo se estrutura por meio de uma abordagem qualitativa, realizando uma escuta clínica e análise de núcleos dos sentidos, através das dimensões subjetivas das práticas de trabalho em saúde. Teve-se como instrumento de coleta de dados escutas realizadas por meio do software de videoconferências Zoom Meetings, com sete profissionais da Atenção Primária do estado do Pará. Os conteúdos obtidos dos encontros foram comparados e explorados a fim de extrair deles categorias de análise condizentes a conceitos-chave da Psicodinâmica do Trabalho. À vista disso, estabeleceu-se para esta pesquisa o sofrimento no trabalho como categoria analítica, a partir da qual identificaram-se núcleos de sentido relacionados: 1) Precarização das Condições de Trabalho; 2) Negacionismo da pandemia; 3) Limitações das Estratégias de Defesa; 4) A Falta de Reconhecimento e de Amparo. Foi constatado pelas falas dos profissionais que a pandemia mudou a forma deles de exercerem seus ofícios, configurando um novo real do trabalho, atravessado por questões agravadas como a precarização das condições laborais. Este novo real limitou as mobilizações para enfrentamento das adversidades, gerando um sofrimento que não conta com possibilidades expressivas de ser significado ou transformado em prazer. Entretanto, mesmo com limitações, percebeu-se que os trabalhadores ainda movimentam-se individual e coletivamente, mas com o principal intuito de amenizar os sofrimentos vivenciados. Com o intuito amparar os profissionais e seus adoecimentos psíquicos, sugere-se a criação de um programa de apoio psicoemocional aos trabalhadores e trabalhadoras em questão, atrelado ao maior investimento nas condições de trabalho, posto que, antes mesmo da crise sanitária se instalar, essas condições já eram precárias e adoecedoras, e em um futuro pós-pandemia são desmedidas as consequências à saúde dos profissionais deste nível de atenção.