Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-02
Resumo
Durante o processo formativo muitas expectativas são criadas pelo discente quanto ao campo do estágio, determinante da capacitação profissional que os possibilita visualizar na prática dos serviços o cotidiano que os espera. Os Estágios Supervisionados em Saúde Coletiva I e II (ESC) constituem-se como iniciativas curriculares obrigatórias da Faculdade de odontologia da Universidade Federal Fluminense, oportuniza experiências e aprendizados a partir da aproximação e reflexão (intencional) sobre a dinâmica do mundo do trabalho. No ESC I, após prospecção e definição das equipes preceptoras, os alunos do oitavo período são inseridos em unidades de Atenção Primária em Saúde, cumprindo carga horária de quatro horas/semanais, tendo acompanhamento sistemático do prepceptor e da supervisão docente. Com a declaração da pandemia de COVID-19 pela OMS, foi necessária a mudança do perfil das disciplinas de presenciais para remotas. O presente estudo é um relato da experiência remota da preceptoria de duas dentistas que atuam na Estratégia de Saúde da Família (ESF) de dois municípios do RJ e de uma aluna em tempos de pandemia. A inserção dos alunos nos campos de estágio deu-se de modo remoto, o que levou o corpo docente e preceptores a desenvolverem estratégias que ajudassem o discente a vivenciar o cotidiano do serviço à distância, respeitando o contexto pandêmico, a realidade de cada aluno, no que tange às limitações tecnológicas com propostas que atendiam as possibilidades do cenário vivido até o momento, tais quais: reuniões em plataformas virtuais; utilização de fotos e vídeos das unidades; descrição detalhada do processo de trabalho pelo preceptor; apresentação de instrumentos utilizados pelas equipes, dados das famílias, visitas domiciliares por vídeo; utilização do google earth para reconhecimento do território; reuniões de equipe virtuais para discussão de propostas de Projetos Terapêuticos Singulares - dispositivos que permitem expandir a compreensão sobre os problemas de saúde dos usuários e das potências e limites das equipes e dos serviços de saúde. Assumir os estágios supervisionados de forma remota nos trouxe um estranhamento significativo. Dentre as consequências deste período, a falta de oportunidade de experimentar o contato presencial entre preceptor-aluno e aluno-usuários, foi uma das mais relevantes. Algumas atividades (como visitas domiciliares e abordagem familiar), importantes durante esse período de formação, não puderam ser vivenciadas. Além disso, a percepção do aluno limitou-se à lente de preceptores e professores, assim o serviço perdeu a visão do aluno e, consequentemente, a contribuição da Instituição de Ensino para dentro do serviço. Um ponto positivo a ser considerado foi o maior número de alunos (5 no formato remoto) durante as discussões com o preceptor comparado ao presencial (2 alunos), o que introduziu uma maior participação dos estagiários, troca de saberes e construção coletiva do produto final, enriquecedora tanto para os alunos quanto para os preceptores. Neste caminho, as carências deixadas pelo ensino à distância foram muitas. Diante de todo o cenário de pandemia, as estratégias criadas para garantir a aproximação sobre o processo de trabalho na rede SUS foram importantes, ricas e diversas, e por isso potentes para gerar novos aprendizados.