Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O DESAFIO DO ACESSO AVANÇADO NA ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL NA ESF: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Francine Ramos de Oliveira M Autonomo, Ana Caroline Alves da Silva, Ana Rita Jacobina

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


Considerando a Atenção Primária em Saúde porta de entrada preferencial do sistema de saúde, discutir acesso torna-se fundamental para organização do processo de trabalho da ESF, principalmente, da atenção à saúde bucal, visto que inserção dos profissionais da odontologia, geralmente, ocorre posteriormente a implantação da equipe e compõe mais de uma equipe, assumindo o cuidado de um número de cadastrados maior que as outras categorias profissionais. Atualmente o Acesso Avançado (AA) vem constituindo-se como forma para ampliação do acesso, consiste no atendimento à necessidade do usuário no dia em que esse busca o serviço. O presente estudo tem por objetivo relatar a experiência da implantação do AA na atenção à Saúde Bucal de uma unidade da ESF. Os profissionais de odontologia foram inseridos nas equipes em questão 2 anos após a implantação da ESF no território, numa proporção de 1 para 3. A demanda reprimida de necessidade de tratamento odontológico era expressiva, o que estimulou a equipe a buscar, de forma coletiva e envolvendo os diversos atores, o modelo mais adequado de acesso. Inicialmente, adotamos o agendamento de primeiras consultas coletivas (tanto na unidade como nas visitas domiciliares), com finalidade de diagnosticar o perfil de saúde bucal, e tomar ciência quanto às principais necessidades odontológicas dos usuários. Porém,  diante da demanda reprimida, em poucos meses foi preciso repensar a porta de entrada para os usuários que buscavam o serviço e não se encaixavam nos grupos prioritários, visto o  tempo entre a procura pelo serviço e a data do agendamento. Optamos pelo AA com avaliação das condições de saúde bucal no dia de todos os usuários que buscaram o serviço- média 15 usuários por dia- pelo dentista (com apoio da TSB e ASB) que estivesse no turno de atendimento individual, a fim de realizar procedimentos em apenas uma consulta, dar subsídios para que os usuários pudessem iniciar a sua co-responsabilização do cuidado em saúde bucal e definir prioridade para tratamento completado. Após 2 meses de implantação pudemos aferir que para esse território- em que a maior parte dos usuários apresentavam boas condições de saúde bucal- o atendimento no dia culminou em aumento do número de altas do tratamento odontológico, diminuição do tempo de espera para primeira consulta odontológica, aumento do número de procedimentos realizados, diminuição do número de faltosos nas consultas subsequentes. Entretanto observamos o aumento de tempo entre as consultas subsequentes, maior esgotamento da equipe, maior dificuldade da equipe participar de outras atividades, possivelmente, relacionados ao primeiro momento de implantação.

O AA no cotidiano do serviço demonstrou sua aplicabilidade no que objetiva a otimização dos atendimentos e do tempo de trabalho, porém o tempo de implantação e número reduzidos de publicações acerca do tema contemplando a saúde bucal não nos permitiu, ainda, avaliar o quanto podemos melhorar a qualidade do serviço prestado, principalmente quando levamos em consideração o cuidado ampliado tão caro à ESF.