Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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MELHORANDO A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO ATRAVÉS DA REORGANIZAÇÃO DAS LISTAS DE ESPERA CIRÚRGICAS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO FEDERAL: OPORTUNIDADES E DESAFIOS
CAMILA ARAUJO DORNELAS

Última alteração: 2022-02-10

Resumo


Sabe-se que o tempo prolongado de espera para realização de cirurgias eletivas pode comprometer a qualidade dos atendimentos e aumentar a sobrecarga das portas de urgência do SUS. A reorganização e a padronização de processos institucionais, em especial os relacionados ao fluxo do paciente cirúrgico, tem potencial para reduzir o tempo de espera dos pacientes nas Listas de Espera Cirúrgica (LEC) e melhorar a experiência dos usuários. No contexto do Hospital Universitário (HU), observou-se alta variabilidade na organização da LEC de cada especialidade, com grande protagonismo dos residentes de medicina, inexistência de fluxo de gestão das vagas de agendamento de consultas para realização risco cirúrgico e anestésico e manifestações de queixas dos usuários por meio de relatos registrados nos canais de ouvidoria. Com objetivo de sistematizar, padronizar o processo de agendamento de cirurgias eletivas e reduzir o tempo de espera na fila ações foram planejadas e discutidas com as equipes. O fluxo foi dividido em três etapas, a saber: inserção do paciente na LEC, preparação cirúrgica ambulatorial e preparação da internação. Foram criadas planilhas de controle e estabelecido indicadores.  Foi instituído ambulatório de reavaliação de pacientes que aguardavam ser chamados na LEC para determinadas especialidades, com longo tempo de espera. Treinamentos foram realizados com as equipes administrativas. Foi instituído Procedimento Operacional Padrão (POP), com o descritivo das ações pactuadas, responsáveis e prazos. A participação da direção foi fundamental para implantação das novas diretrizes institucionais. Reordenou-se o fluxo através da avaliação prévia do processo regulatório dos pacientes em atendimento nas especialidades cirúrgicas, controle operacional dos exames prévios necessários para realização do procedimento cirúrgico, controle dos pacientes faltosos e mecanismos de identificação e registro dos pacientes que desistiram do procedimento cirúrgico, foram a óbito ou operaram em outro nosocômio.

A implantação do processo é recente, e por isso, não é possível avaliar todos os resultados. No entanto, destaca-se que as mudanças promoveram  maior transparência, pois os fluxos foram estabelecidos em consonância com os princípios da Política Nacional de Regulação, com registro institucional de todas as etapas do processo a fim de viabilizar eventuais processos de auditoria. Atualmente quase todas as filas cirúrgicas do Hospital encontram-se padronizadas e informatizadas, com isso foi possível controlar o número de pacientes na LEC, identificar as maiores filas/demandas, subsidiar a governança com dados para definição de prioridades, definição da ocupação das salas cirúrgicas por especialidade,  escala de anestesistas e priorização de ocupação de leitos. Além disso, nota-se como consequência a melhoria do processo de comunicação interna, evitando assim a realização de risco cirúrgico de pacientes sem previsão operatória nos 6 meses subsequentes ao pedido médico. A impossibilidade de utilizar toda a capacidade instalada do centro cirúrgico e de leitos hospitalares foi considerada um desafio, posto que as demandas eletivas acabam concorrendo espaço com as demandas emergenciais, prolongando assim o tempo de espera dos usuários  na LEC. Maior integração da equipe de regulação das LEC com a equipe de gestão do Centro Cirúrgico faz-se necessária para aumentar o grau de resolutividade das ações.