Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Episiotomia: necessidade ou violência obstétrica
Isis Milani de Sousa Teixeira, Pedro Paulo do Prado Júnior, Lara Lelis Dias, Rosana da Silva Pereira Paiva, Patricia Colli Francisco, Gabrielle Maria Silva Gomes, Tayane Naraiane de Freitas, Aline Santana de Godoy

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


Apresentação: A episiotomia é um ato cirúrgico que ocorre no segundo momento do trabalho de parto, denominado período expulsivo, e é determinada por um alargamento no períneo realizado com tesoura ou lâmina de bisturi, por médicos ou enfermeiros obstétricos, necessitando de sutura. A Organização Mundial da Saúde recomenda a sua execução em alguns casos de parto prematuro, sofrimento fetal, disfunção pélvica, macrossomia ou risco de laceração perineal grave, sugerindo uma taxa ideal em torno de 10% dos partos normais. Contudo, pesquisas mostram que os números superam, e muito, tais recomendações. A episiotomia seletiva, quando é justificada a sua realização, pode determinar benefícios à parturiente e ao feto: protege o períneo de distopias genitais, encurta o período expulsivo, aumenta o canal do parto diminuindo a pressão sobre a calota craniana e possíveis danos cerebrais. Entretanto, quando realizada rotineiramente, sem compartilhamento de decisões, orientações, consentimento da mulher e amparo, caracteriza-se como violência obstétrica, trazendo riscos e complicações como perda sanguínea, infecção, disfunção sexual, dispareunia, incontinência urinária, prolapso do colo do útero, iatrogenias, experiências traumáticas e futuras consequências psicológicas. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo revisar na literatura a realização da episiotomia enquanto necessária ou desnecessária, evidenciando a violência obstétrica. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma revisão literária, cujas buscas foram realizadas durante o mês de janeiro de 2022, via Biblioteca Virtual da Saúde, utilizando duas estratégias associadas pelo operador booleano “AND”: (Episiotomia) AND (Violência Obstétrica) e (Episiotomia) AND (Parto normal). Foram selecionados estudos do tipo artigo, publicados nos últimos 10 anos, em português, que estavam disponíveis para leitura na íntegra. Estudos que se repetiam na busca, que não estavam disponíveis gratuitamente e que se tratavam das intervenções gerais nos partos vaginais, não focados no procedimento de episiotomia, foram excluídos. Resultados e/ou impactos: No total foram encontrados 42 artigos, sendo 13 selecionados após a leitura na íntegra e a avaliação pelos critérios de inclusão e exclusão. A revisão dos estudos escolhidos evidenciou que o termo técnico “episiotomia” ainda é desconhecido por muitas mulheres e o consentimento para a sua realização não é solicitado na maioria dos casos, apesar de que quando há a aprovação, as mesmas conseguem determinar seus benefícios e os traumas são evitados. Mulheres com parto prematuro possuem 3 vezes mais chance de serem submetidas à episiotomia. Ressalta-se ainda que a enfermagem tem um papel fundamental no trabalho de parto, uma vez que estão ali para proteger e garantir uma assistência humanizada, sempre preconizando por métodos menos intervencionistas e seguros. Considerações finais: A realização da episiotomia não deve ser uma rotina em todos os partos normais e a decisão precisa ser tomada com muita diligência pelos profissionais juntamente com a parturiente. A mulher precisa ter acesso a informações acerca da episiotomia, conhecer o procedimento e revelar seu consentimento quanto à prática. Por fim, ressalta-se a necessidade de uma relação clara entre profissionais e pacientes, para que a mulher seja protagonista do seu trabalho de parto e evitando imperícias, iatrogenias, atos de violência e índices de processos judiciais.