Este relato tem como objetivo apresentar parte de uma experiência de formação realizada com Agentes Comunitários de Saúde (ACS) para qualificar o processo de trabalho desses profissionais e das equipes de saúde da família (SF) em municípios da Baixada Litorânea do Rio de Janeiro, contribuindo com a reorganização dos serviços de Atenção Primária em Saúde (APS) e para o enfrentamento à pandemia da Covid-19 nos territórios. Esta experiência se dá dentro das premissas da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), vem sendo desenvolvida desde 2020, como ação extensionista do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), campus universitário de Rio das Ostras, em parceria com a Comissão de Integração Ensino-Serviço da Baixada Litorânea (CIES), envolvendo os nove municípios desta região de saúde. Sistematiza-se aqui o trabalho realizado em 2021, com os trabalhadores da SF de Casimiro de Abreu (RJ), município com cerca de  45 mil habitantes e 86% de cobertura de SF. O curso intitulado: "Educação Permanente para Agentes Comunitários de Saúde sobre as estratégias de enfrentamento à COVID-19 no município de Casimiro de Abreu/RJ”, aconteceu em ambiente virtual e buscou: discutir as estratégias de cuidado para os diferentes grupos populacionais, tanto para promoção da saúde, como para os problemas identificados nos territórios; promover o debate acerca das atribuições da equipe saúde da família com base em evidências científicas atualizadas sobre a vigilância em saúde; possibilitar a estudantes de enfermagem o adensamento do conhecimento teórico-prático sobre o trabalho das equipes de SF, sobretudo, acerca de práticas territorializadas  e desenvolvidas por ACS no cotidiano. Embora focada no trabalho dos ACS, a atividade contou com a participação de outros (as) trabalhadores (as) das equipes de SF. Participaram do curso 107 profissionais de saúde, sendo 85 ACS e 22 Enfermeiros (as) e/ou Técnicos (as) de Enfermagem. A inscrição de participantes se deu a partir do encaminhamento do apoiador da CIES no município que também era responsável por assegurar condições para participação do trabalhador, como disponibilidade de tempo e acesso à internet. Os inscritos foram organizados em dois grupos, GA e GB, a fim de estabelecer o limite do número de pessoas por turma. Foram realizados 17 encontros, sempre às quartas-feiras das 15 às 17 h, pela plataforma google meet™, a partir do google workplace™, via UFF. Após a seleção dos participantes pelos municípios, as inscrições foram efetivadas mediante o preenchimento de um formulário eletrônico com informações pessoais e profissionais. Em seguida, foi criado um grupo no WhatsApp™ para cada um dos grupos, com a participação de docentes e monitores estudantes de graduação em enfermagem, sendo uma aluna bolsista da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) da UFF. A partir do grupo de WhatsApp foram encaminhados materiais de apoio ao Curso (vídeos, textos, cartilhas, manuais, boletins epidemiológicos etc.). O debate ganhou centralidade nos encontros, pois, em todos eles foi permitida a participação integral dos (as) profissionais, que foram encorajados (as) a encaminhar questões, partilhar suas experiências e iniciativas ou tirar dúvidas sobre os temas apresentados. Cada encontro virtual teve duração de 2 horas, e o projeto foi desenvolvido no período de 18/08 a 15/12/21. Os conteúdos programáticos do Curso versaram sobre as seguintes temáticas: A rede de atenção à saúde e a estratégia saúde da família no município de Casimiro de Abreu/RJ: Estrutura e (re) organização em tempos de pandemia; O SUS e a rede de atenção à saúde: princípios, (re) conhecimento e (re) construção do cuidado nos territórios da atenção primária em saúde; Competências profissionais da equipe de Saúde da Família: revisitando a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e dialogando com o cotidiano de trabalho dos ACS; O cuidado às famílias na atenção primária em saúde: uma reflexão a partir da vulnerabilidade e da vivência profissional; Experiências inspiradoras e dialógicas de educação popular em saúde a partir do território; Todos (as) juntos (as) nas ações de prevenção e enfrentamento à pandemia da COVID-19!, discutindo-se uma Cartilha elaborada pelas docentes e discentes da UFF, para o Curso, sobre o tema; A participação do ACS na prevenção de agravos e na promoção de saúde de crianças e adolescentes; Ações educativas dos ACS para a saúde das mulheres nos territórios; O cuidado em APS a adultos e idosos com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT); e, no encerramento: A saúde mental na atenção primária em tempos de pandemia.  Ao término do Curso, uma avaliação foi realizada pelos (as) participantes. Para isto, um formulário eletrônico, disponibilizado por meio de um link na plataforma Google Forms™, foi fornecido aos grupos de trabalho. Este material continha perguntas organizadas a partir das seguintes seções: 1: Ocupação e Local de atuação; 2: Avaliação geral do Curso; 3: Percepções sobre os temas abordados na formação; 4: Participação no curso; e 5: Avaliação qualitativa. A avaliação final encontra-se em andamento, mas cinquenta por cento dos participantes já responderam os formulários, nos quais observa-se que: as temáticas abordadas foram consideradas ótimas ou boas; as dificuldades foram de acesso à internet e em participar da formação durante o horário de trabalho, para utilizar internet da unidade; os respondentes participariam de novas atividades, caso fossem online; os temas abordados foram importantes para o trabalho dos ACS, também sugeriram novas temáticas para próximos encontros. Neste momento atual da pandemia da COVID-19 é relevante a reorganização do trabalho das equipes de saúde da atenção primária, para além de mitigar a transmissão comunitária do coronavírus por meio da prevenção e vigilância ativa, cuidados e educação em saúde. Faz-se presente a discussão sobre as novas demandas de saúde com o decorrer da pandemia, bem como, a reorganização daquelas que foram interrompidas nesse percurso, em especial dos cuidados crônicos que exigem atenção continuada. Destaca-se a contribuição da educação permanente aos trabalhadores de saúde mesmo que de forma remota, bem como, para acadêmicos de enfermagem mediada pelo trabalho extensionista. A experiência também promoveu a aproximação da Universidade com os serviços de saúde, abrindo caminhos para novos modos de pensar e fazer em saúde, além de contribuir para as reflexões sobre o ensino e a prática da Enfermagem em Saúde Coletiva. Palavras-Chave: Educação Permanente, Agente Comunitário de Saúde, COVID-19, Atenção Primária em Saúde.