Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-03
Resumo
Apresentação: A neoplasia de próstata é uma das principais responsáveis de óbito por câncer na população masculina, tornando-se um grave problema de saúde pública. As taxas de incidência do câncer de próstata é de 30,7 por 100.00 habitantes ficando atrás apenas para a neoplasia de mama, no Brasil, foram registrados 127.571 óbitos, no período de 2010 a 2018, sendo com maiores risco as regiões nordeste e centro-oeste com respectivamente e 72,35/100 e 65,29/100 habitantes, sendo mais comum a partir dos 55 anos. Os métodos de rastreios do câncer de próstata são baseados nos valores de referência do exame de antígeno prostático especifico (PSA) e analise do toque retal para posteriormente ser realizado a biopsia. Contudo, o estigma criado acerca do diagnóstico de rastreio do toque retal associado a cultura de procurar o serviço de saúde só quanto há o aparecimento dos sintomas, ou seja, tardiamente, dificulta o diagnóstico e início de tratamento, o que corrobora para agravamento da doença. Dessa forma, o estudo teve como objetivo analisar o perfil clinico e epidemiológico de usuários com neoplasia de próstata registrado no estado do Pará, no período de 2009 a 2019. Método: estudo epidemiológico descritivo de abordagem quantitativa. Foram incluídos no estudo todos usuários com dados completos do Registro Hospitalar de câncer (RHC) com neoplasia maligna de próstata CID 10 C61, no estado do Pará, no período de 2009 a 2019. Os dados foram tabulados no Microsoft Excel 2016 com técnica de dupla verificação e posteriormente transmitido para o programa EPI INFO 7.0 para analise descritiva dos dados. As variáveis examinadas foram: faixa etária, raça/cor, escolaridade, estado civil, município de residência, tipo de tratamento, estadiamento clinico e desfecho ao final do primeiro tratamento. A pesquisa respeitou os diretos éticos e legais descritos na resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Resultados: foram registrados 3.647 casos de neoplasia maligna de próstata, sendo 47,7% dentro da faixa etária de 63-73, seguido de 29,3% de 74-84 anos, predominantemente casados 61,2%, em relação a raça/cor autodeclarada 53,8% estavam sem informação, 40,2% se declararam pardos, a respeito à escolaridade a maioria possuíam o fundamental incompleto 43,3%, 16,8% estavam sem informação, seguidos de analfabetos 14,7%. Sem histórico familiar 57,3%, contudo já fizeram uso de álcool 27,5% e tabaco 44,5%, o exame de diagnostico mais comum para a escolha terapêutica foi a anatomia patologia 37,9%, marcadores tumorais 13,9% associado a histologia do tumor 96,3%, quanto as condições morfológica do tumor Adenocarcinoma, SOE 79,6% e Carcinoma de células acinosas 16,2%, e estavam em estadiamento III 41,2% e II 27,2, em relação ao tratamento 19,5%, não tiveram tratamento, seguido de quimioterapia 13,7% e associação de quimioterapia com radioterapia.10% e ao final do tratamento a doença encontrava-se estável 50,6% seguido de doença em progressão 19,5% sendo que 9,1% evoluíram para óbito. Quanto a procedência dos usuários, os grandes municípios do estado tiveram o maior número de caso confirmados como por exemplo Belém com 34,5%, Santarém 9,7% e Ananindeua 9,6% esse fator está diretamente ligado ao fato dos serviços de saúde estarem concentrados na região metropolitana ou grandes centros urbanos do estado. Entre os fatores de risco para a neoplasia maligna de próstata está a idade elevada, observa-se maior prevalência do câncer em homens a cima de 50 anos de idade como comprovado na pesquisa. Outrossim, os exames de rastreio são recomendados a partir dos 40 anos, mas há uma baixa procura por desconhecimento da existência do exame de PSA ou o preconceito criado sobre o toque retal, por acharem que sua masculinidade é invadida. Para a sociedade brasileira de urologia pessoas autodeclaradas pretas e pardas possuem maiores risco pra desenvolver esse tipo de câncer. Em relação a escolaridade a predominância de baixos níveis de alfabetização refletem diretamente no letramento funcional em saúde, que é como o indivíduo compreende as informações de saúde e toma suas decisões. Ademais, o uso de álcool e cigarro pode aumentar o risco de câncer, principalmente o de próstata. Quanto a analise clinica dos usuários, a maioria estavam em estadiamento III o que demonstra que as células cancerígenas infiltraram os tecidos ao redor da próstata, como a vesícula seminal, reto e bexiga. Já em relação ao tratamento, o diagnóstico tardio resulta no agravamento da problemática, o que pode está associado as altas taxas na pesquisa de nenhum tratamento realizado. Além disso, o resultado da pesquisa, quimioterapia e quimioterapia associada a radioterapia, demonstraram divergência quanto a melhor escolha terapêutica para o tratamento do câncer de próstata presente na literatura. Vale ressaltar que informação de qualidade é condição necessária para a análise objetiva da situação de saúde, para a tomada de decisões baseadas em evidências e para a programação de ações públicas que almejem o desenvolvimento de boas condições de saúde para a população em geral. A incompletude do preenchimento dos dados do registro hospitalar de câncer dificulta a análise do real perfil e situação doença encontrada nos estados brasileiros. Considerações finais: Conhecer o perfil clinico e epidemiológico do usuário com câncer de próstata é imprescindível para a elaboração de politicas publicas de rastreio e de prevenção, com intuito de promover melhor qualidade de vida aos usuários. Os resultados dos dados epidemiológicos registrados no estado do Pará, se mostraram semelhante ao descrito na literatura nacional. Portanto, homens com mais de 50 anos, casados, pardos, com baixa escolaridade, sem histórico familiar, que já fizeram uso de álcool e tabaco revelaram-se mais vulnerável a ocorrência de neoplasia maligna de próstata. Já em relação a analise clínica, apenas a escolha terapêutica divergiu dos achados na literatura. Estado avançado do estadiamento ilustram o fechamento do diagnostico tardiamente. Logo, estudos desse gênero possuem alta significância, uma vez que por meio deles é possível a execução de projetos de intervenções de saúde para prevenção e reabilitação do Câncer de Próstata. A partir desses resultados, espera-se, enfim, mobilizar e conscientizar os profissionais de saúde e os gestores de saúde sobre seu papel técnico científico para cuidado efetivo em todos os níveis de atenção à saúde, seja no tratamento de pacientes acometidos pela doença, ou no estímulo nas investigações que enfatizem essa patologia, mas principalmente na elaboração de medidas mais assertivas de promoção a saúde do homem.