Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Gestão de serviços de saúde e integralidade a partir das Unidades do Cuidado na atenção ambulatorial especializada
silvia karla andrade, Aline Cristine da Silva, Gislainy Silvia Camargo Ricardo, Ana Maria da Silva

Última alteração: 2022-02-10

Resumo


A integralidade do cuidado tem sido um dos maiores desafios para o SUS desde a sua criação. Esse desafio se dá em grande parte na atenção ambulatorial especializada, que não teve um política de saúde implantada, como ocorreu na atenção básica e na atenção hospitalar de média e alta complexidade. Frente a esse cenário, o sistema de saúde se organizou por meio de ambulatórios especializados onde o cuidado foi estruturado a partir da oferta disponível no território, o que criou obstáculos para que o usuário se tornasse foco do cuidado em saúde. Para atender às necessidades de saúde no âmbito da atenção ambulatorial especializada na Região de Saúde do Médio Paranapanema, foi constituído em meados dos anos 1990, um consórcio público de saúde, que passou a gerir o centro de especialidades estadual, por meio de recursos municipais e federal, a partir da estruturação de um ambulatório de especialidades.  Contudo, essas especialidades agregadas, por sua natureza fragmentada, não responderam ao princípio da integralidade do cuidado ao longo de seu desenvolvimento. Desta forma, foi proposta uma nova metodologia para a organização do cuidado no consórcio, tendo como centro o usuário e suas necessidades, com o objetivo de oferecer integralidade do cuidado, o que resultou na  implantação das Unidades do Cuidado (UC). Na etapa de planejamento, a liderança do consórcio foi envolvida em um processo de estudo e entendimento das fragilidades do ambulatório por meio de oficinas de discussão e confecção de produtos, com vistas ao desenho funcional das UC. Nessas oficinas foram discutidos fatores como: necessidade da população, modelagem das equipes de trabalho, formas de contratação de profissionais, turnos de trabalho, programação da oferta e produção de serviços, gerenciamento dos processos de trabalho e espaço físico. Com isso, chegou-se ao entendimento de que as UC tratam de um coletivo de profissionais e seus saberes, que reúne estratégias, processos, protocolos clínicos e recursos materiais, para responder às necessidades das pessoas no âmbito do cuidado em saúde, com vistas à integralidade e resolutividade do cuidado, de forma integrada com a atenção básica. Os resultados alcançados inicialmente foram: constituição de seis UC organizadas a partir das necessidades clínicas do usuário; definição de atividades, quais sejam: monitoramento e estruturação da oferta; atualização de protocolos, integração de saberes com equipes de atenção básica; acompanhamento da lista de espera; apoio em equipe interdisciplinar, gestão matricial e qualificação do processo de trabalho; acompanhamento das agendas de serviços, controle do mapeamento de salas e equipamentos, monitoramento de contratos, gestão clínica dos casos; estruturação de agendas por UC; planejamento de reuniões com as equipes de trabalho para início das atividades segundo a metodologia de trabalho por meio das UC. Com essa experiência, concluiu-se que a integralidade é um princípio alcançável no SUS, por intermédio de estratégias para seu alcance, considerando a diversidade dos territórios e regiões de saúde no país. Desta forma, o desenho metodológico das UC se mostrou como uma dessas estratégias no alcance da desfragmentação do cuidado em saúde e da integralidade.