Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Como uma liga acadêmica pode influenciar no entendimento acerca das Redes de Atenção Psicossociais?
Barbara Seffair de Castro de Abreu, Bruna Maria Pedrosa Moraes, Felipe Thiago Dias de Lima, Anna Luisa Oliveira dos Santos, Eduarda Campos de Souza, Karina de Paiva Rodrigues, Rafael Mendes Izumisawa

Última alteração: 2022-02-08

Resumo


Apresentação e Objetivo: Este trabalho tem o intuito de apresentar a experiência de alunos de graduação em medicina nas atividades práticas da Liga Acadêmica de Psiquiatria do Amazonas, em Centros de Atenção Psicossociais da cidade de Manaus, objetivando, principalmente, o entendimento acerca de como as Redes de Atenção Psicossociais funcionam.

Desenvolvimento: As Redes de Atenção Psicossociais, conhecidas popularmente como RAPS, foram instituídas pela Portaria no 3.088, de 23 de dezembro de 2011. A Rede pode ser definida como uma criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de drogas. O paciente com esse tipo de comorbidade se depara com diversas portas de acesso ao tratamento dos transtornos que o afligem, muitas vezes, deparando-se com a dificuldade de entendimento acerca dos serviços que lhe são ofertados. Entretanto, esse emaranhado de possibilidades não se restringe apenas ao paciente, mas também ao profissional de saúde que comumente carece de informações atinentes ao fluxograma ideal de uma RAPS, inclusive, da que o mesmo pertence.O estudo desse leque de viabilidades demonstra-se precioso, porém, ainda praticamente infrequente entre os estudantes de Medicina, visto o desconhecimento dos próprios docentes acerca do assunto. As ligas acadêmicas são entidades estudantis que constituem um papel importante na formação em saúde, recheando as lacunas do conhecimento através do protagonismo e autonomia dos estudantes.Criada em 02 de junho de 2010, através da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), a Liga Acadêmica de Psiquiatria do Amazonas surgiu como uma agremiação que visava difundir conhecimentos em psiquiatria de forma teórico-prática, apresentando a especialidade de forma científica e social. Dentre as atividades propostas, o acompanhamento de profissionais da saúde nos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) da cidade de Manaus, compõe o carro-chefe de atribuições do ligante, sendo um dos principais ampliadores do repertório educacional na Liga.A atuação dos ligantes em consultas ambulatoriais, em reuniões interdisciplinares com outras especialidades da área da saúde, e no acompanhamento longitudinal de pacientes em mais de um tipo de serviço são algumas das estratégias de ensino-aprendizagem que a Liga disponibiliza para o discente, fazendo com que o mesmo possa descobrir como os serviços voltados para a Saúde Mental funcionam.Nesse cenário, são introduzidas as RAPS de forma espontânea, sútil, prática e pouco teorizada, apresentando as fragilidades e contradições que compõem todo e qualquer serviço de saúde no Brasil. Essa experiência externa às Universidades torna-se enriquecedora em todos os âmbitos profissionais da vida do estudante de Medicina, visto que esse é um assunto pouco conhecido e reconhecido pela graduação.Resultados ou impactosAs atividades de extensão oferecidas pela Liga Acadêmica de Psiquiatria do Amazonas se apresentam como uma experiência valiosa e enriquecedora para o graduando em Medicina, destrinchando a aglomeração de questionamentos acerca dos serviços da RAPS. Dentre os serviços oferecidos de forma ambulatorial estão as Unidades Básicas de Saúde e os Centros de Atenção Psicossocial, sendo este último, o principal ambiente de atuação prática da Liga. Pessoalmente, a possibilidade de conhecer e participar dos serviços nos beneficiou de forma incalculável, tanto para a especialidade que pretendemos seguir quanto para o futuro como médicos generalistas.A percepção macro e microscópica da RAPS como estudantes de Medicina é transformadora pois permite que possamos visualizar os grandes embates que os pacientes enfrentam ou possivelmente enfrentarão, em casos de desestabilização. Podemos averiguar que apesar da dificuldade de manutenção, os serviços ambulatoriais têm realizado um trabalho nobre e extraordinário, entretanto, a desarticulação com os serviços de Atenção de Urgência e Emergência, atrasa consideravelmente a melhora do prognóstico dos pacientes.Em consultas no CAPS III Benjamim Matias Fernandes, na zona Centro-Sul da cidade, observamos um padrão: pacientes diagnosticados com transtorno bipolar e esquizofrenia estáveis em tratamento, a qualquer mínima desestabilização do caso, regrediu consideravelmente visto que a procura do serviço de urgência e emergência era negligenciado pela própria rede de apoio do paciente, devido às condições insalubres em que o local se encontra.Esse padrão desmancha as articulações que a RAPS tanto enfatiza em suas portarias, pois o cuidado com o paciente não é realizado de forma adequada. Isso também se complica quando o paciente busca serviços como o Pronto-Socorro buscando condições mais favoráveis de tratamento, entretanto, em Manaus são instituições que não possuem nenhuma estrutura para lidar com transtornos mentais, tanto por inexperiência dos profissionais quanto pela falta de estrutura adequada. Constatamos que, em Manaus, a cidade que relatamos nesta experiência, a RAPS não é efetiva, visto que os serviços deixam a desejar em quantidade e em qualidade, somando-se o fato de não haverem articulações entre os serviços, que são extremamente básicos a um paciente que tenha com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de drogas.Conferimos que, sem as atividades educacionais da Liga Acadêmica de Psiquiatria do Amazonas, essa percepção não seria a mesma com os conhecimentos da graduação, ainda que haja a disciplina de Psiquiatria nas grades curriculares. A Liga constitui um pilar imprescindível na nossa formação como médicos generalistas e futuros psiquiatras, e também insinua que atividades extracurriculares podem mudar a forma como os graduandos veem o sistema de saúde que trabalharão futuramente.

Considerações finais: O papel de uma liga acadêmica se baseia em antecipar e complementar a vivência teórico-prático dos alunos da graduação, além de organizar e auxiliar promoções de caráter científico e social. Esse relato de experiência ao apresentar as atividades práticas realizadas através Liga Acadêmica de Psiquiatria do Amazonas, expõe a importância do entendimento acerca do funcionamento das RAPS e de como essa percepção pode ajudar o profissional da saúde.