A atuação da fonoaudiologia no ambiente hospitalar da rede pública capixaba teve destaque durante a pandemia da Covid-19. No caso do paciente com Covid-19, o fonoaudiólogo tem tido uma participação fundamental na reabilitação, sobretudo nos que desenvolvem a fase grave da doença. O desenvolvimento de ações nestes cenários especializados, em destaque nas unidades de terapia intensiva, onde os pacientes eram primitivamente sedados e ventilados para trabalho de restauração de funções essenciais como a deglutição foi além disso. Garantiu-se uma comunicação funcional entre paciente e equipe apesar das limitações comuns à fala, com o trabalho de comunicação suplementar e alternativa.

Em abril de 2020, o Conselho Regional de Fonoaudiologia- 6ª Região, reproduziu kits e pranchas de Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA) voltadas aos pacientes em tratamento da Covid-19, as quais foram elaboradas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O material foi distribuído para as instituições hospitalares públicas de seus dois estados de jurisdição, MG e ES, em parceria com a Secretaria de Saúde dos Estados. Para cada instituição contemplada foram encaminhados kits com 4 pranchas impressas em frente e verso, coloridas e plastificadas, um tutorial e uma carta de orientação e sensibilização direcionada aos gestores e profissionais das equipes de saúde dos hospitais. Nessa ação, os recursos de comunicação suplementar e alternativa tem como objetivo auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade comunicativa pelo coronavírus. Por meio desse material, o paciente pode comunicar sentimentos, elaborar perguntas simples, responder questionamentos feitos por familiares ou pela equipe de saúde e fazer solicitações. Dos hospitais que utilizaram as pranchas de CSA, 78,5% não possuem política de implantação do serviço de CSA e dentre os benefícios da ação, 85% relataram a melhora na qualidade de trabalho junto ao paciente e 70%, o favorecimento da expressão mais eficiente do paciente.

A CSA se apresentou como uma importante estratégia comunicativa para pacientes críticos internados em razão de infecção por Covid-19 e isto foi perceptível tanto no aspecto biopsicossocial do paciente quanto para os profissionais que atuam de forma direta com o paciente, proporcionando uma comunicação efetiva. Cabe ressaltar que a CSA pode ser utilizada com qualquer paciente em vulnerabilidade comunicativa, independente da patologia.

As experiências vivenciadas pela equipe de fonoaudiologia diante de um contexto com novas realizações e expectativas traz menção a importância da implantação e implementação de tecnologias como a CSA na rede hospitalar pública do Espírito Santo. Para isso, estamos estudando a possibilidade de ser ofertada capacitação da equipe para que possam juntos intervir nas políticas institucionais e nas práticas multiprofissionais, e elaborar fluxos da prática de CSA na rotina hospitalar. Dessa forma, objetiva- se garantir uma interação mais efetiva entre paciente e profissionais com melhor qualidade de vida, uma desospitalização mais rápida e segura e com menor custo ao prestador de serviço.