Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
A Pandemia de COVID-19 e o combate à Tuberculose: progressão diagnóstica e terapêutica entre 2016-2020 na Região Norte Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil.
CARLOS MIGUEL KLEINSORGEN MOTTA ANTUNES, RAQUEL FERNANDES COELHO, MARIANA MOREIRA VANNIER, JÚLIA MARTINS MALTEZ, LAURA RUANA DE FRANÇA FERREIRA, FRANCISCO RONEY SOUSA PAIVA, KARLA SANTA CRUZ COELHO

Última alteração: 2022-02-07

Resumo


A tuberculose (TB) assola a humanidade desde a pré-história, representando um risco, principalmente, aos que vivem em condições de vulnerabilidade social ou de imunocomprometimento. Há um maior impacto na população mais pobre, justamente por estar mais exposta a condições insalubres, logo, sob o exercício de uma forte determinação social no processo saúde-doença. Desde o último século, organizações, governamentais ou não, lançam programas e ações com o intuito de traçar metas para seu fim. Sabendo-se que sua principal forma de manifestação é a pulmonar e que sua transmissão ocorre por aerossóis, houve um impacto considerável no diagnóstico e tratamento da TB com a eclosão da pandemia de COVID-19. Assim, objetiva-se entender como foi afetado o controle da TB, comparando dados entre 2016-2020 no Norte Fluminense do estado do Rio de Janeiro (RJ), assim como correlacionando com os do estado e do país.

Trata-se de um estudo analítico que utilizou dados disponíveis do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan, contidos no Tabnet/DATASUS. Nesse sentido, foram observados os números de novos diagnósticos por ano entre 2016-2020 no Norte Fluminense, no RJ e no Brasil, assim como os registros de cura, abandono, óbitos, drogas resistentes, falência e mudança de esquema.

Com o início da pandemia de COVID-19, houve uma disrupção à tendência do número de novos diagnósticos de TB. Desde 2016, notava-se um aumento de casos diagnosticados, até que, em 2020, há uma queda destes tanto no Norte Fluminense, quanto no estado e no país. Em relação a 2019, observou-se uma diminuição de 8,97%, 10,52% e 10,85%, respectivamente. Dos 08 municípios analisados, em 04 deles (Campos dos Goytacazes, Carapebus, Macaé e São Fidélis), nos quais residem 86,72% de todo o contingente populacional da região, observa-se uma queda no número de casos em 2020. Somado a isso, evidenciou-se que os registros de cura apresentaram uma queda, com diminuição de 87,72%, 59,87% e 52,91%, respectivamente. Em contrapartida, o registro de abandono regrediu em maior proporção de 2019 a 2020: 82,57%, 51,74% e 39,17%, respectivamente. Além disso, observou decréscimo do número de óbitos em portadores de TB, tanto pela doença em si, quanto por outras causas: 20%, 9,17% e 4,68%, respectivamente. Apenas quando analisados os óbitos por TB na região não se seguiu essa tendência, e sim foi notado um aumento de 8,33% de 2019 a 2020. O número de registros de "drogas resistentes", "falência" e "mudança de esquema" não apresentaram relevância estatística na região.

É possível observar que, com a pandemia, mudou o padrão dos índices relativos à TB no Brasil. Diante do exposto, sugere-se que a doença causada pelo SARS-CoV-2 e suas repercussões socioeconômicas não tenham necessariamente contribuído para o "Brasil Livre da Tuberculose", ou seja, uma diminuição real dos casos. É provável que, por ambas se manifestarem principalmente com um quadro respiratório, tenha havido uma subsuspeição clínica e uma subnotificação dos casos de TB. Entretanto, mais estudos são necessários para investigar as razões que propiciaram esses resultados.