Tamanho da fonte: 

Apresentação: A ocorrência das doenças crônicas não transmissíveis e das incapacidades funcionais tem gerado novas demandas para as equipes de Atenção Básica, como as complicações do pé diabético. Assim, buscou-se identificar o que a literatura especializada dos últimos seis anos aborda sobre as ações de autocuidado com o pé diabético na Atenção Primária à Saúde (APS). Desenvolvimento: para a revisão narrativa, pesquisou-se os descritores “pé diabético”, “autocuidado” e “atenção primária à saúde”, com seus correspondentes em inglês, separados pelo operador booleano AND nas bases de dados BVS, PUBMED, LILACS e SCIELO. A amostra se deu a partir da leitura dos artigos que responderam à questão: “O que a literatura especializada em saúde, no período de seis anos, aborda sobre as ações de autocuidado com o pé diabético na APS? Como critérios de inclusão, consideraram-se textos disponíveis on-line na íntegra e gratuitos; nos idiomas português, espanhol e inglês; que abordassem a temática em questão; publicados entre os anos de 2015 a julho de 2021. Os critérios de exclusão compreenderam artigos duplicados nas bases de dados, teses, dissertações, documentos institucionais e estudos não realizados na APS. Os artigos foram selecionados após a leitura dos títulos e resumos, excluindo aqueles que não se encaixavam aos critérios de inclusão. Resultados: Dos 51 artigos encontrados, 7 foram selecionados. Verificou-se em quatro artigos que a coleta de dados foi realizada com os usuários cadastrados no programa HIPERDIA que acompanha hipertensos e/ou diabéticos visando controle da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM), cuja vinculação do usuário se dá pela Unidade Básica de Saúde (UBS), possibilitando à equipe de saúde e aos gestores públicos planejar ações a partir dos principais problemas de saúde que acometem o território. Os estudos reportaram 11 ações de autocuidado do pé diabético na APS, sendo estas: inspeção dos pés, uso de meias sem costura e calçados com numeração adequada, hidratação diária dos pés, secagem dos espaços interdigitais, corte quadrado das unhas, cuidados com o curativo em úlceras, evitar andar descalço, prevenção de ferimentos em membros inferiores, higienização dos pés e das unhas, uso de pedra pomes para tratamento de calosidades e mobilização funcional dos pés. A inspeção dos pés foi a ação mais prevalente, estando presente nos sete (n=7; 100%) estudos analisados, seguidas pelo uso de meias sem costura e calçados com numeração adequada e, corte quadrado das unhas (n=6; 85,71%) e secagem interdigital (n=5; 71,42%). Cuidados com o curativo em úlceras e uso de pedra pomes para tratamento de calosidades foram as ações menos frequentes, identificadas em apenas um artigo cada (n=1; 14,28%).  Considerações finais: a revisão narrativa demostrou poucos estudos acerca desta temática e que as ações de autocuidado com o pé diabético não seguem uma sistemática. Considerando o atual perfil epidemiológico da população brasileira, faz-se necessário que as equipes de APS tenham protocolos definidos, embasados cientificamente, que guiem a avaliação e as rotinas de exame clínico para rastreamento do pé diabético, promovendo longitudinalmente das atividades educativas que favoreçam atitudes positivas em relação ao autocuidado dos pés.