Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EXPERIÊNCIAS SENSÍVEIS EM ARTETERAPIA E OS PROCESSOS DE TRANS(FORMAÇÃO) DE SI
Marielly de Moraes, Josiane Paraboni

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


Com o reconhecimento da arteterapia como uma Prática Integrativa e Complementar em Saúde incorporada pelo SUS em março de 2017, essa abordagem tem aos poucos ganhando maior espaço e visibilidade no setor saúde. Atualmente a formação em arteterapia se dá a nível de pós-graduação e envolve experiências predominantemente vivenciais, que contemplam a arte como potência de invenção e ação transformadora de si. Neste sentido, este estudo buscou dar voz a um grupo de estudantes de pós-graduação em arteterapia de uma universidade gaúcha, e conhecer os processos de transformação vivenciados, e o que de mais significativo o encontro com a arte lhes proporcionou. Trata-se uma pesquisa exploratória descritiva de abordagem qualitativa que ocorreu em julho de 2019. Para tanto, nove colaboradores responderam a uma entrevista semiestruturada com as seguintes perguntas:  O que você foi buscar na formação em arteterapia? O que você considera ter sido mais significativo? O que você diria que mudou na sua vida disparado por essa formação? Por quê? O que mais lhe chamou a atenção no decorrer do curso? Por quê? O que a formação em arteterapia produziu em você no que diz respeito a si próprio? O que a formação em arteterapia produziu em você no que diz respeito ao outro? Comente um momento que você considera ter sido muito significativo no seu processo de (tras)formação. Os dados foram trabalhados a partir da metodologia de análise de conteúdo. Todos os entrevistados eram mulheres, com idade entre 29 e 56 anos, e graduação no campo das ciências humanas ou sociais. O motivo de cursar arteterapia foi o apreço pela arte e psicologia, a busca por mudanças de vida e a atração pelo poder da arte. Sobre a importância que a formação desempenhou, referiram ter sido valiosos os momentos de imersão a partir do convite às vivências arteterapêuticas. Foi evidenciada a relação de estreitamento do vínculo entre os colegas do curso. Todas as entrevistadas referiram passar por intensas descobertas, transformações de si e ressignificações: olhar para dentro, (re)conhecer sua essência, validação de seus sentimentos, “sentir na pele”, sentir o coração, perceber e ouvir a intuição, olhar para as limitações, perceber potencialidades e qualidades adormecidas, enfrentar medos e fragilidades, cura, entrega, reconexão, amor-próprio, autoestima, fortalecimento, coragem, entusiasmo e motivação. Acerca das percepções sobre o outro, as colaboradoras relataram a intensificação de sentimentos como: amorosidade, sensibilidade, compaixão, acolhimento, empatia, respeito, cuidado, alegria de poder tocar outras vidas, de servir de ponte para a (re)conexão do outro, e maior tolerância às diferenças. O poder da arte foi o que mais chamou a atenção das participantes em todo o curso. A arte serviu de ponte para que sombras, luzes e desejos mais profundos se conectassem, emergindo diversos sentimentos que colocaram as entrevistadas em contato com seu eu espontâneo, livre e dinâmico; permitindo canalizar emoções, ideias, pensamentos, sensações e novas e importantes descobertas de si. Foi possível perceber o quanto a arte possibilitou mobilizar, transformar, modificar e colorir percursos e relações consigo e com o outro, acentuando autoconhecimento e potência de vida.